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Uma geléia geral a partir do cinema

Parigi!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

PARIS - Já estou aqui, iniciando meu caminho de volta para o Brasil (amanhã). Vivi hoje um momento inesquecível.Saí do hotel, na Piazza del Popolo, por volta das 5 da manhã. Havia uma lua cheia linda, mas começava a clarear. Na altura da Piazza Venezia, onde houve na terça a parada militar - dia da República -, o táxi cruzou com um ciclista solitário, que ia para, ou vinha do trabalho. Lembrei-me da cena clássica de A Doce Vida. Marcello e Anita na Fontana di Trevi, prontos para trocar um beijo. A água para de jorrar, quebra-se o encanto e os dois se olham, meio ridículos, assistidos à distânciua pelo ciclista. O que faz a diferença na cena é esse transeunte anônimo. Ao passar pelo Coliseu, a lua projetava sua luz prateada sobre as ruínas. Parecia irreal. Minha imaginação percorreu em minutos milhares de anos com suas histórias sobre aquele lugar. Para tomar a via de Fiumicino, o aeroporto, o motorista tomou um trecho do Santo Gra, o anel viário que circunda Roma. E entramos na paisagem campestre quando o sol despontava, espantando a lua. No caminho para Assis, já havia me encantado a neblina muito baixa, rente ao solo. Lembrei-me de Luchino Visconti, As Noites Brancas. A bruma de Visconti era um artifício, um revestimento de tule que ele usou para preencher o vazio da distância da câmera para os objetos e atores filmados. Hoje, entendi porque ele fez aquilo. A neblina rente era como um manto de tule envolvendo a natureza. Mal saí de Roma e já estou querendo voltar. Mas agora estou em Paris. Um dia lindo, quente. Deixei minhas coisas no hotel, na Sorbonne e estou indo... Para a vida? Para o cinema.

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