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Uma geléia geral a partir do cinema

Onde fica a casa do meu irmão?

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

CANNES - Tenho pensado quais seriam as escolhas de meu colega Jotabê Medeiros, se aqui estivesse. O festival tem apresentado alguns filmes de rock. A ficção Control, sobre o ex-vocalista do Jay Division que se matou, virou um dos cults deste ano. Ontem, passou no Palais o documentário sobre o U2 que trouxe Bono e seus companheiros/parceiros para um concerto, ao vivo, nas escadarias em que ocorre o ponto alto do cerimonial desse grande evento de cinema - a montée des marches. Se os distribuidores independentes forem inteligentes, levam estes dois filmes para o Brasil. Todo festival de cinema envolve sempre escolhas. Você assiste a isso, mas poderia, na mesma hora, estar vendo aquilo. Isso ocorre particularmente em Cannes, que possui uma oferta muito diversificada de títulos em todas as seções que compõem a programação - além da competição, Um Certain Regard, Quinzena dos Realizadores, Semana da Crítica, Cannes Classics, Homenagens e Cinéma de la Plage. Haja fôlego! Agora mesmo, à noite, havia me programado para ver o curta brasileiro Um Ramo, de Marco Dutra, que estou certo de que poderei ver no Brasil (e que passava na Semana com o longa argentino Xxy, da filha de Luís Puenzo, Lucia). Pode até ser que tenha perdido boas coisas, mas não me arrependo porque, na última hora, preferi correr à Sala Claude Debussy, onde ocorrem as sessões de Um Certain Regard, para ver o filme italiano Mio Fratello È Figlio Unico, de Daniele Luchetti. Gostei demais! Eu e a platéia que, no final, não parava de aplaudir o Luchetti e sua equipe. Na verdade, Meu Irmão É Filho Único virou um dos meus favoritos, com o romeno Quatro Meses, Três semanas e Dois Dias e o franco-chinês A Volta do Balão Vermelho - um filme da competição e dois de Um Certo Olhar. Luchetti conta a história de uma família - de dois irmãos. Um é comunista, outro é fascista e o segundo ainda deseja a mulher do irmão. Discutem, trocam socos, mas o laço é muito forte e até a ideologia muda. Me emocionei muito com os atores, com esses irmãos que são como opostos e que se complementam, com a mãe, que é uma personagem maravilhosa. Daniele Luchetti reabre a vertente da utopia. Nos faz crer, sem babaquice, que um outro mundo é possível. Adoro o cinema que me faz pensar, e sonhar. Meu Irmão deve ir para a Mostra, para o Festival do Rio. Espero que vá para as salas. A produção é da Warner da Itália, mas duvido que a Warner do Brasil o distribua (mas deveria). Alguém compre Meu Irmão É Filho Único, por favor.

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