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Uma geléia geral a partir do cinema

O Sol É para Todos (2)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Anos atrás, não faz muito tempo, o American Film Institute fez uma enquete - americano adora listas - para apontar o maior, ou os maiores heróis do cinema americano. Esqueça Rocky, Rambo, o próprio John McClane, da série Duro de Matar. Haviam muitos candidatos ao posto de número um - Shane, no western Os Brutos também Amam; Ethan Edwards e Ringo Kid, em outros dois westerns, Rastros de Ódio e No Tempo das Diligências; Rick, de Casablanca; Rhett Butler, de ...E o Vento Levou; e, claro, detetives de clássicos noir como o Sam Spade de Relíquia Macabra (Maltese Falcon) e o Philip Marlowe de À Beira do Abismo. Grandes personagens interpretados por Alan Ladd, John Wayne, Humphrey Bogart, Clark Gable e Humphrey Bogaret, de novo, em clássicos de George Stevens, john Ford, Michael Cuirtiz, John Huston e Howard Hawks. Devo estar esquecendo vários - personagens interpretados por James Stewart e Gary Cooper nos westerns de Anthony Mann e o xerife solitário que Cooper fez em Matar ou Morrer, de Fred Zinnemann, que é um filme cult para os americanos. Mas, enfim, não preciso me estender na lista porque quero dizer que o número um foi Atticus Fincher, ou Finch, o advogado interpretado por Gregory Peck em O Sol É para Todos, que Robert Mulligan realizou baseado no romance de Harper Lee. A escolha foi baseada na dimensão ética do personagem e esse voltar-se para a cidadania tenho impressão de que foi uma reação da crítica ao que representa a liderança de um cara como George W. Bush, que está enterrando, com fanfarras, aquilo que antigamente se chamava de 'valores americanos'. O próprio Gregory Peck, que fazia o papel - e ganhou o Oscar -, era um sujeito do bem, que, além de grandes papéis - como esquecê-lo em A Princesa e o Plebeu e Da Terra Nascem os Homens, de William Wyler? -, deixou o legado de uma vida em que defendeu todas as boas causas. Contra a bomba, o macarthismo, em defesa da ecologia, dos direitos civis dos negros, Gregory Peck nunca foi menos que altivo, e ético, como Atticus Finch. O reconhecimento ao personagem foi também, um pouco, o reconhecimento ao ator, cuja cena de luta em Da Terra Nascem os Homens é um dos grandes momentos do western (e do cinema). Mas, enfim, acho que comecei a falar sobre o livro de Harper Lee para, no limite, falar sobre Robert Mulligan, que assinou a adaptação cinematográfica. De novo, o post está ficando longo. Vamos ao 3.

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