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Uma geléia geral a partir do cinema

O nome é Bond!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Aquele leitor que fica indignado quando diz que falo de 'frivolidades' - com tanta fome no mundo e problemas do Brasil para discutir - que me perdoe, mas não resisto a postar uma coisa sobre Barbara Broccoli, a produtora de Cassino Royale. É verdade que não acho tão irrelevante assim discutir a franquia mais bem sucedida da história do cinema, o que significa que James Bond é um dos personagens mais vistos e conhecidos do mundo e, portanto, o que existe de subliminar nas tramas (e filmes) é de competência da crítica, como não? Mas vamos à frivolidade. Barbara Broccoli é filha de Albert Broccoli, que criou a série com Harry Saltzman. Mais tarde, não saberia dizer quando, Albert comprou os direitos do amigo e ficou como único produtor, deixando o personagem como herança para os filhos de diferentes casamentos, Barbara e Michael G. Wilson. Barbara deve estar chegando aos 50 anos. Entrevistei-a em Nova York e é um mulherão. Podia ter sido bondgirl, se quisesse. Foi ela que bancou o Daniel Craig no papel, usando a mudança de ator para um retorno às origens de 007, que andava fantasioso demais. Barbara diz uma coisa interessante. Que a série, desde 1962, reflete todas as mudanças geopolíticas e comportamentais do mundo. As próprias bondgirls, que são objetos de prazer do herói, são produtos do pós-feminismo, pelas múltiplas profissões e pela maneira como usam o corpo. Barbara gosta particularemente de Vesper Lynd, a personagem de Eva Green, porque diz que é a primeira bondwoman, no sentido de que realmente afeta 007. Bem, talvez não seja a primeira, porque Diana Rigg já fazia isso em 007 a Serviço Secreto de Sua Majestade, embora lá o ator fosse muito ruim, George Lazenby, para passar alguma idéia de densidade. Mas ainda não cheguei à tal frivolidade. Barbara me disse que, quando pequena, 007 era um personagem tão recorrente na casa dos Broccolis que ela sempre achou que ele existisse de verdade, que fosse um amigo de seu pai. Vejam o que é a fantasia do cinema, até para quem o faz, como Albert Broccoli, permitindo a confusão dentro de casa. Em 1967, Barbara era garotinha quando visitou o set de Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, no Japão. A filmagem era numa região difícil, longe de Tóquio. Estava todo mundo meio acampado. Barbara teve uma febre e Sean Connery, galantemente, lhe emprestou seu trailer, com a única cama da locação. A bobagem, que eu achei divertida, é que Barbara diz que foi, assim, a única mulher que já dormiu na cama de James Bond - até Vesper, pelo menos , porque em geral as mulheres passam pela cama, mas não ficam. Machismo? Sem dúvida, mas tente imaginar a cama de 007 antes das transformações ocorridas no cinema dos anos 60. Ou o inverso, o cinema sem a cama de 007? A série, e seu sucesso, são tão anos 60 quanto a minissaia, a pílula e os Beatles.

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