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Uma geléia geral a partir do cinema

'O Menino da Porteira'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Havia prometido voltar a falar sobre 'O Sol Brilha na Imensidão', mas ontem à noite fui atropelado, metaforicamente, pela pré-estréia de 'O Menino da Porteira', que começou com uma hora de atraso e este foi o menor dos problemas. O problema é o próprio filme, cujo parentesco com '2 Filhos de Francisco' é tão remoto quanto... Sei lá o quê. Aliás, falando de 'Francisco', ontem à tarde já havia fechado meu terminal quando chegou a notícia de que 'Se Eu Fosse Você 2' superou a bilheteria do filme de Breno Silveira e é o campeão de bilheteria da Retomada, este conceito cada vez mais difícil de sustentar, porque 15 anos depois de 'Carlota Joaquina' é duro continuar falando numa só referência, até porque o cinema brasileiro sempre foi cíclico e tivemos, anteriormente, outras fases de fluxo e refluxo de público. Tudo bem, o que o celerado do ex-presidente Collor fez com o cinema - e a cultura, e o País - não está no gibi, mas 15 anos já é quase uma geração, pelamor de Deus. De qualquer maneira, mesmo gostando de 'Francisco' - e defendendo até à morte o filme do Breno -, fico contente com o mega-sucesso de 'Se Eu Fosse Você 2', até porque, ao contrário dos coleguinhas, me divirto muito com o filme de Daniel Filho com Tony Ramos e Glória Pires e respeito, mesmo quando não admiro, a tentativa de Daniel Filho e do povo da Total Entertainment de fazer um cinema 'industrial', baseado no profissionalismo e na competência. Que eles estão atingindo seu objetivo, o público de 'Se Eu Fosse Você' 1 e, agora, 2 confirma. Não vou falar aqui do 'Menino da Porteira', que estréia sexta e não vou furar minha crítica no 'Caderno 2', mas, sorry, o filme não é bom e nem bem-feito, embora seja bem fotografado (por Pedro Farkas), o que é bem diferente. Curioso, saí do Cinemark ontem pensando nisso. Embora fosse fotógrafo - de 'Carlota Joaquina', justamente o marco zero da Retomada -, Breno Silveira queria que 'Francisco' fosse tudo, menos um filme de 'fotógrafo'. Ele queria, mesmo, que o filme, para ser verdadeiro, fosse 'feio', em muitos momentos. A força de 'Francisco' vem daí, muito diferente de 'O Menino da Porteira'. Acho, de qualquer maneira, que o filme vai bombar, principalmente no interiorzão. Boa sorte. A pré-estréia foi um sucesso, lotando de 'celebridades'. Só na fileira em que estava sentaram-se Jair Rodrigues, a filha e Roberta Miranda. Se tivesse tido mais saco, ou se estivesse melhor localizado, gostaria de ter visto a reação de Jair Rodrigues a uma das cenas emblemáticas do remake do diretor Jeremias Moreira, que é justamente quando Daniel canta 'Disparada', de Geraldo Vandré, numa montagem paralela com os desatinos dos capangas do vilão Zé de Abreu. Não me interessava ouvir o que Jair poderia dizer depois. Gostaria de ter visto a cara dele, se viajou no tempo, se ficou impassível etc. enquanto Daniel cantava os versos 'Porque o gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata/mas com gente é diferente' e as imagens iam construindo uma história de opressão e resistência. Enfim, já falei demais e perdi o fio da meada para falar de Ford. Fica para o próximo post. A seguir.

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