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Uma geléia geral a partir do cinema

Não entendi, ou melhor, voltamos a um jornalismo nas entrelinhas

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Uma no ferro, outra na ferradura, é o estilo da concorrência. A Ilustrada publicou ontem um artigo de Josias Teófilo sobre Regina Duarte na secretaria da Cultura. Josias elogia a delicadeza da atriz, critica os colegas que lhe deram apoio e o retiraram num post que ela publicou em seu Instagram, no fim de semana passada, chama de brutamontes o 'petista oficial da Globo', José de Abreu, e formula votos para que ela seja bem sucedida na nova missão. Dado o estrangulamento da atividade cinematográfica no atual governo, já que se trata de fato consumado - mas parece que Regina já está recuando -, só louco para desejar que seja bem malsucedida. Mas o post não é sobre isso. Sem safadeza, como o autor não me parecia identificado - fui direto para o texto e não reparei na linha fina -, quebrei um pouco a cabeça para lembrar quem era o autor do artigo. Claro, Josias venceu o Cine PE com aquele documentário sobre Olavo de Carvalho, O Jardim das Aflições. Eu sei, eu estava lá. Lembro de Sérgio Sá Leitão e dele bajulando o personagem, que apareceu dos EUA, num telão, e lembro principalmente de Josias falando mal de colegas cineastas de Pernambuco, só para dizer quão injustiçado era. A vitória no festival seria sua alforria. Não creio que tenha sido. Ser chamado de cineasta bolsonarista - fui pesquisar na internet - não me parece um elogio, e é até uma contradição, em termos, para quem elogia a delicadeza. Ocorre que, mesmo não apoiando a escolha daquele júri, vi algumas coisas interessantes no documentário, e a maior delas era a análise que Olavo fazia do pacto da direita para derrubar a presidente Dilma Roussef. Por outra via, até oposta, ele legitimava a tese de Petra Costa em Democracia em Vertigem, de que o impeachment foi golpe. Até aí, tudo bem. O jornal segura a onda de Petra num artigo, afaga Regina (e o governo) em outro, mas o curioso, que me pareceu, é que com tantas fotos de Regina para ilustrar, a escolhida a mostra radiante na inauguração de um colégio militar. Não tem nada a ver com o texto, quer dizer, tem. Só não me parece a foto mais adequada para ilustrar um texto que pede o diálogo.

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