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Uma geléia geral a partir do cinema

Mostra (20)/Selvagem

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Tive de corrigir o número do post anterior, e assim chego ao de número 20 nesta Mostra. Fui ver ontem Selvagem, uma plateia predominantemente masculina, em que as mulheres se contavam nos dedos - por que será? Gostei do filme de Camille Vidal-Naquet. Sugiro que quem não viu não vá adiante, porque vai ter spoiler. Um garoto - 22 anos - que se prostitui. Está gasto para a idade. Doente, debilitado, desnutrido. Apaixona-se pelo colega, que cobra dele por que beija os clientes? Porque (sim). Marina Ruy Barbosa, sua personagem, em Todas as Canções de Amor - por que as pessoas dizem tanto 'Eu te amo'? Porque acham que é o que os outros querem ouvir. O garoto é destrutivo. Submete-se a jogos sadomasoquistas brutais, que quase o rebentam. O amado, mesmo sem corresponder, fica no seu ouvido - arranje um velho, saia dessa vida. Isso ocorre, mas na hora H ele foge. Volta para o mato, na posição fetal. À espera de um renascimento? Talvez acredite num amor de verdade. Ou, quem sabe, mais provável, voltará para a vida de antes. O tema embutido é a autodestruição, o (des)amor próprio. O desejo de redenção? Saí do cinema num mal-estar medonho. Os atores são ótimos, e corajosos. Seria interessante conversar com a diretora, para saber como trabalhou com eles.

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