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Uma geléia geral a partir do cinema

Mostra (16)/Está chegando a hora (da despedida?)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Ainda a Mostra. Fui ver ontem na repescagem o longa de Ana Luiza Azevedo que venceu o prêmio da crítica como melhor filme brasileiro do evento. Gostei de Aos Olhos de Ernesto. Achei muito bem escrito (por Jorge Furtado), bem interpretado (pelos veteranos), uma história linda, personagens encantadores, mas.. Havia traduzido, no jornal, as respostas de Bong Joon-ho às perguntas que lhe enviei, sobre Parasita - a propósito, haverá debate do Estado no Petra Belas Artes, na quarta-feira à noite, sobre o filme vencedor da Palma de Ouro. Uma das perguntas referia-se ao método. Ele contou que, nesse caso, mais que nunca, trabalhou com storyboard e que o filme foi sendo montado no próprio set. Interessante... Não sei se Ana Luiza trabalhou com storyboard, mas me passou a impressão. Um filme composto demais, certinho demais. Talvez já fosse assim com o anterior, mas era com crianças, e não sei se Ana dirige melhor crianças ou se ela elas acrescentam maior espontaneidade - no limite, gostei mais de Antes Que o Mundo Acabe. O que admiro, sinceramente, no cinema de Ana Luiza Azevedo é um certo tom menor. Mesmo quando vai para Montevidéo e filma a rambla, o mar, não é muito diferente da sua Porto Alegre. Cidades provincianas, um mundo nos trilhos - 250 e poucos passos até o restaurante - e a única coisa que subverte o cotidiano tranquilo é o slam de poesia, o campeonato de lírica, e protesto, na rua. Ainda pretendo voltar hoje à Mostra para ver o documentário de Caco Ciocler, Partida. Depois disso, só restará sonhar com a Mostra do ano que vem, a de número 44, em 2020, num Brasil...Pacificado?

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