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Uma geléia geral a partir do cinema

Morrer no Brasil

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Pensaram que era só no antigo Leste europeu? Hostel - O Albergue, direção de Eli Roth, produção executiva de Quentin Tarantino, foi um pequeno filme feito com quase nada de dinheiro, mas que seduziu o público pelo terror de deixar o cabelo do espectador em pé. Embutida na trama, estava o que não deixava de ser uma crítica ao mundo pós-comunista. Para o turista americano que viajava aos antigos países comunistas, era como ir ao inferno, já que a vida humana, se já não valia durante o comunismo - foi o que você sempre ouviu -, vale agora ainda menos. Por qualquer US$ 1 mil você pode comprar uma pessoa para matar do jeito que quiser, é a fantasia de O Albergue. O filme fez tanto dinheiro que, claro, uma seqüência se fez necessária. Está sendo feita na República Checa, com rios de dinheiro - imaginem que a distribuidora Sony convidou jornalistas de todo o mundo para visitarem o set, nos lendários Estúdios Barrandov. Ou seja - Eli Roth foi cooptado pelo cinemão e agora vai ter de ser gênio para fazer outro bom filme. Mas voltemos ao início. Está para sair nos cinemas americanos, em dezembro, outra fantasia de terror sobre turista americano que conhece o inferno fora das fronteiras do país. Seria curioso analisar o fenômeno desses filmes como um todo. O mundo todo é hostil à América, o mundo inteiro não vale os EUA, o americano tem de viver sempre em prontidão. Eta povinho centrado e paranóico. Nunca vi uma nação de emigrantes que tenha esquecido tanto as origens, com todo esse medo do mundo fora da Terra Média. (se os EUA fossem O Senhor dos Anéis, George W. Bush seria quem? Sauron?) Mas, enfim, vamos ao que interessa. O tal de filme esse que vai estrear chama-se Turistas e a ação se passa... no Brasil. Os gringos chegam, vão para uma praia isolada, tomam cerveja, comem muito peixe (e as nossas mulheres, o trailer sugere), são roubados e, em busca de socorro, vão parar nessa casa onde um médico maluco faz experiências com pessoas. O cara não só é serial killer como é de um sadismo de fazer os assassinos de O Albergue virarem irmãs de caridade. Imagino que vai ser um auê quando o filme estrear aqui. Todo mundo vai se sentir ofendido etc. Mas é o que o cinema americano vem fazendo há anos, se é que não fez sempre. A gente só se dá conta quando o horror nos atropela.

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