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Uma geléia geral a partir do cinema

Miscelânea (1000?)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

PORTO ALEGRE - Liguei domingo para meu amigo Dib Carneiro e o pilhei, pelo celular (dele) deixando a sala, no meio de Não Pare na Pista. Dei-lhe um esporro. Ele saiu do cinema quando o filme ia começar a ficar bom. Perdeu a antológica cena da quase tortura. Já disse que vai ter de ver de novo. Não me lembro a última vez que saí no meio de um filme. Em compensação, Dib não é o único a desertar nessas condições. Antônio Gonçalves Filho saiu no meio de Amar, Beber, Cantar, irritado com o moralismo do último Alain Resnais. Não é meu filme preferido do grande Alain e eu também me irritei quando Resnais roubou, em Berlim, o prêmio da inovação estética - Alfred Bauer - que deveria ter ido para Karin Ainouz, Praia do Futuro (acho). Jamais subestimaria a contribuição estética de Resnais. Hiroshima, Meu Amor está no meu panteão. Mas, quando Amar, Comer, Beber estreou, meu editor em exercício, na época - João Luís Sampaio -, me pediu que nomeasse os cinco maiores filmes do autor. Noite e Neblina, Hiroshima, A Guerra Acabou (que prefiro a Marienbad), Providence e Meu Tio da América. O último grande Resnais, para mim, tem mais de 30 anos. Quantas revoluções estéticas ocorreram nesse período? O digital, a afirmação do documentário etc. Tenho ido bastante ao cinema em Porto. Vi Tartarugas Ninja e a crítica,. como as de Amantes Eternos e Chef, foi para o Portal do Estado. Tenho assistido a uma overdose de Ingmar Bergman no ciclo Os Filmes de Minha Vida - a vida de François Truffaut -  na Sala Redenção, da UFRGS. No Limiar da Vida, A Hora do Lobo, A Paixão de Ana. Não me lembrava que No Limiar era tão bom. Três mulheres numa maternidade, dois abortos e um bebê morre logo após o nascimento. Ingrid Thulin, Bibi Andersson e Eva Dahlbeck, maravilhosas. Houve réplica e tréplica se Paolo Sorrentino teria copiado Federico Fellini - A Doce Vida - em A Grande Beleza. Na verdade, Sorrentino talvez tenha copiado Bergman e todas as cenas do castelo em A Hora do Lobo são, para mim, fellinianas - A Doce Vida, Oito e Meio. Quanto a Paixão de Ana, vou cometer o que, para muitos, será uma heresia. É um dos maiores filmes de Bergman, com Morangos Silvestres (sua obra-prima) e Gritos e Sussurros. O ciclo deve prosseguir nos próximos dias - e na semana que vem - com os filmes de Luís Buñuel que Truffaut preferia. Mesmo que as exibições sejam em DVD, é outra coisa ver numa sala e compartilhar a experiência com o público. Estou gostando demais.

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