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Uma geléia geral a partir do cinema

Militância

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Fui ler os comentários e alguns me pegaram. Lulopret duvida que se possa falar em pouca aceitação para Um Lugar na Platéia porque ele viu o filme numa segunda-feira e a platéia estava pela metade. Pois é, no Rio Um Lugar na Platéia aconteceu e virou o tititi do circuito de arte, com uma freqüência muito maior. Acho que em São Paulo o Caderno 2 ajudou a levantar um pouco o filme. Inclusive, publicamos a entrevista com a diretora Danièle Thompson depois que o filme já estava em cartaz, o que é raro, porque, jornalisticam,ente, o que se espera é a entrevista antes ou, no máximo, no dia da estréia. Sei que a Maria do Rosário Caetano, no Almanaquito dela, também fez militância por Um Lugar na Platéia, reproduzindo tudo o que se publicou sobre o filme para alavancá-lo na bilheteria. Nem ela nem eu ganhamos nada com esse sucesso, exceto o fato, que é gratificante, de contribuir para que mais pessoas vejam um filme que é prazeroso e diz coisas tão bonitas sobre arte e vida. Pedrita diz que viu ontem (e adorou) A Casa de Nina, na TV paga. Não assisti ao filme do Richard Dembo, mas fiquei com vontade, ainda mais que a atriz é Agnès Jaouï, dos filmes de Alain Resnais e, ela própria, atriz, co-roteirista e diretora de filmes como O Gosto dos Outros. Comentei o caso Agnès Jaouï com Danièle Thompson. Os filmes franceses que arrebentam nas bilheterias de lá, as comédias principalmente, não costumam estourar no Brasil. A própria Danièle se interessa pelo assunto sendo, como é, filha de um diretor, Gérard Oury, a quem se devem memoráveis êxitos de público na França e que estouraram também no Brasil, lá pelos idos de 1960 e 70. Oury representava o humor popular francês, nada a ver com a sofisticação de Jacques Tati e seu personagem M. Hulot. Oury filmava com comediantes como Louis de Funès e Bourvil. Você pode conferir o estilo dele em As Loucas Aventuras do Rabi Jacob, que saiu em DVD no Brasil, mas o ideal seria ver A Grande Escapada (La Grande Vadrouille), uma espécie de Fugindo do Inferno como comédia. Pois é. Danièle sabe, por experiência própria, que os pequenos filmes franceses têm mais chance no mercado externo. Um Lugar na Platéia vai muito bem nos EUA, no Japão. Se é para ver blockbuster, o público externo prefere o produto de Hiollywood. Já o público mais ligado no produto alternativo, no circuito de arte/ensaio, curte Um Lugar na Platéia como curte O Gosto dos Outros - e curte também Amantes Constantes, de Philippe Garrel, que tinha tudo para dar errado (três horas de duração, foto em preto-e-branco, legendas quilométricas que desapareciasm no claro da imagem) e terminou sendo um dos sucessos da distribuidora Imovision. Pedrita me deixou babando por A Casa de Nina. O problema é que passou ontem no Cinemax e agora só vai passar de novo no dia 29, às 23h45, no Cinemax Emotion.

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