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Uma geléia geral a partir do cinema

Mexicanos!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Comprei hoje à tarde, na banca da Paulista - Conjunto Nacional -, as novas edições de Film Comment, Sight & Sound e Empire. Dei uma olhada e estão bem interessantes. Film Comment celebra os 50 anos de filmes do Lincoln Center, que, afinal, edita a revista, mas os highlights são outros. Em Dreams to Remember, Michael Koresky lembra que, em 1969, Michel Legrand compôs uma de suas mais belas canções para um filme que ficou injustamente esquecido, e eu concordo totalmente - Tempo para Amar, Tempo para Esquecer/Happy Ending, de Richard Brooks, com Jean Simmons. Mais algumas páginas e, em The Love of Another, Andrew Chan disseca um dos realmente grandes filmes recentes, Asako I e II, em que Ryusuke Hamaguchi analisa a fragilidade da existência humana, mostrando como nossa identidade pode ser abalada por sentimentos como abandono e perda. Quem me lê no blog sabe que sou louco por Hamaguchi, e até sempre defendi que Cannes, no ano passado, premiou o japonês errado, ao outorgar a Palma para Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda, e não para ele. Tem ainda Truth or Consequences, em que Aliza Ma investiga a forma como Olivier Assayas, em Non Fiction, filma as transformações do mundo editorial para questionar a nova era digital. Mas o must da edição é o texto de Imogen Sara Smith, Heat of the Night, em que a autora de obras definitivas sobre Buster Keaton e o film noir, catapulta ao panteão... Sabem quem? Roberto Gavaldón, um dos reis do melodrama nos anos 1940 e 50, conhecido por seus filmes com Maria Félix e que ela coloca no mesmo plano de Douglas Sirk e Vincente Minnelli em Hollywood, e Mikio Naruse no Japão. Assisti, no Festival do Rio, há alguns anos, a uma retrospectiva do melodrama mexicano e muito me impressionei com o rigoroso visual expressionista (noir?) da produção dita romântica de Gavaldón, que também dirigiu Macário, o Sétimo Selo latino ou o homem que fez um pacto com a morte, por volta de 1960. Sight & Sound dedica sua capa ao Festival de Cannes e à seleção que privilegiou este ano o cinema de gênero, mas o deep focus vai de novo para a golden age do cinema do México, o que nos devolve a Emilio Fernández e a... Roberto Gavaldón. E na capa da Empire estão Leo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie pelo Tarantino, Era Uma Vez em Hollywood. Há muito o que ler, e ver nessas revistas, às quais pretendo voltar.

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