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Uma geléia geral a partir do cinema

Matraga, o filme

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Não gostei muito quando vi A Hora e a Vez de Augusto Matraga, que Roberto Santos adaptou de Guimarães Rosa, em 1965. Presumo que muitos de vocês nem eram nascidos. Já se passaram 42 anos! A história sempre me impressionou muito, mas me incomodava o que, para mim, era a japonesice do diretor. Hélio Silva era o fotógrafo. Roberto Santos e ele, com certeza, haviam visto Yojimbo e Sanjuro, de Akira Kurosawa, , feitos anos antes (em 1961 e 62, acho). Santos e Silva usam muito a teleobjetiva, que achata o fundo, e as cenas de ação são claramente absorvidas dos filmes de sabre (de samurais). O célebre movimento de Coriasco rodopiando sobre si mesmo em Deus e o Diabo na Terra do Sol também é, vale lembrar. Na época, era muito jovem, e ainda não conhecia Minas. Nem posso dizer que conheça hoje, embora lá tenha ido (e voltado) muitas vezes. Mas acho que terminei por entender a invasão de Rosa pela cultura japonesa. Porque não é uma coisa isolada. A menor igreja do Brasil - na verdade, é uma capela - é também a mais bela, um patrimônio do Brasil e na humanidade (embora, sinceramente, não saiba dizer agora se é reconhecida pela Unesco). E a capelinha do Ó, em Sabará, é de uma japonesice exemplar. Confesso que quando cheguei naquele lugar maravilhoso, o que me veio, como um raio, foi a lembrança do Matraga de Roberto Santos e Hélio Silva. Passei a repensar o filme. faz tempo que não o veja. Ontem, impactado pela montagem musical de André Paes Leme, tudo o que queria era rever A Hora e a Vez de Matraga, o filme, com Leonardo Villar no papel de Nhô Augusto. Aliás, para fechar - Jackson Costa, o Matraga do palco, é alto, magro, barbudo. Olhava para ele e via um pouco o Luiz Fernando Carvalho, que deve (deveria) adorar a brasilidade dessa montagem, se a viu (ou vir).

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