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Uma geléia geral a partir do cinema

Mais Calungas...

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Cheguei do Recife e já estou aqui na redação do Estado redigindo os textos que deverão sair amanhã, no jornal. Na solidão do vôo, a quase dez mil metros de altura, fiquei pensando e cheguei à conclusão de que talvez tenha sido injusto com o filme do Ricardo Elias, Os Doze Trabalhos. Afinal, se sua inscrição foi aceita pelo Cine-PE, é claro que o filme tinha condições de disputar as Calungas como os demais concorrentes. Aliás, sempre achei que fosse o Calunga, mas ontem me convenci do sexo do troféu quando a apresentadora do festival, repetidas vezes, se referiu à figura no feminino. Enfim, para nós, jornalistas do Sudeste, o filme do Ricardo já é coisa velha, do ano passado, e a expectativa estava voltada para os inéditos da competição. Ninguém me convence de que o filme do Ricardo, o único que não era inédito, foi ol vencedor do festival. Ganhou quatro Calungas e meia (a de melhor ator foi dividida entre Sidney Santiago, que faz o motoboy, e Leonardo Medeiros, de Não por Acaso), incluindo a de melhor diretor. Cão sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca, ficou com duas - melhor filme e atriz (Tainá Muller) - e Não por Acaso com três e meia, o que não me impede de achar que o filme de Philippe Barcinski, do qual gosto muito, foi o perdedor. O júri fez um rateio completo dos prêmios, só deixando de premiar Atabaques Nzinga, de Octávio Bezerra. Deste, ficou claro, o júri não gostou. Dos restantes, a política foi de bate-afaga. Ninguém saiu sem sua Calunga, numa verdadeira reforma agrária que eu não tenho muita certeza de que contemplou a arte. Não me conformo que a Tainá tenha ganhado como melhor atriz e o Júlio Andrade não tenha sido melhor ator. Tudo bem - ela concorria sozinha, mas eu acharia muito mais justo se Sidney e Júlio, excepcional como Ciro, em Cão sem Dono, tivessem dividido o prêmio de melhor ator. Teria mais a ver, pelo menos, o que não significa que Leonardo Medeiros não esteja muito bem (Não por Acaso é o filme, ou papel dele, de que mais gosto). Enfim, o júri é soberano e a gente pode polemizar, mas isso não vai mudar nada. Acho mais importante destacar duas ou três coisas, mas o post está ficando longo. Vamos para o próximo.

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