PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Lone survivor

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Que Oscar, que nada. As maiores bilheterias atuais de filmes nos EUA não estão ligadas às indicações para o prêmio da Academia. Depois de O Grande Herói, Lone Survivor, que liderou o ranking por semanas, a comédia Ride Along, de Tim Story, com o rapper Ice Cube, subiu ao pódio, ficando o filme de guerra de Peter Berg em segundo. Em terceiro, a animação The Nut Job, sobre as atribulações de um esquilo obrigado a viver na cidade grande. Confesso, acho que já escrevi isso, aqui, que tenho... Simpatia?... por Peter Berg. Como ator, há exatamente 20 anos, ele foi o jovem garanhão enganado pela femme fatale Linda Fiorentino no noir O Poder da Sedução, de John Dahl. O filme tem a cena mais inusitada que já vi numa produção de Hollywood. Linda busca um otário para levar adiante sua armação. Berg bebe uma cerveja no balcão do bar. Ela o enrola numa conversa sem pé nem cabeça e, de repente, pega no p... do cara. Vai além. Abre o zíper, enche a mão e depois cheira, para ver se é limpinho. Coisa de tramp, vagabunda de carteirinha. Linda deveria ter sido indicada para o Oscar daquele ano, mas depois disso, claro, não foi. Muita ousadia para o cinemão. Acompanhei depois os esforços de Peter Berg para se firmar como diretor. Fui um solitário defensor de Battleship - A Batalha dos Mares, baseado no game, e até hoje tenho imenso prazer em assistir ao filme, quando zapeio na TV e ele está passando. Battleship tem um lado hawksiano que me encanta. Taylor Kitsch é o rebelde sem causa, à sombra do irmão herói, que morreu na guerra. Ele se apaixona pela garota, filha do general.  Vira herói na guerra contra os ETs. Não é o herói solitário. Une-se ao grupo e todo o filme é uma longa e barulhenta preparação para o desfecho, quando Taylor, finalmente, chama a atenção do general e vai para um lanche com ele, para discutir a rendição do pai e o seu direito ao amor da bela Brooklyn Decker. É lindo. Lone Survivor, segundo o próprio diretor, é o anti-Battleship. É o reverso de uma simples aventura - a guerra como experiência agônica. Quando falei há pouco, em Los Angeles, com o produtor de Operação Sombra - Jack Ryan, ele me disse que os dois filmes recentes de que mais gostou foram 12 Anos de Escravidão e Lone Survivor. Disse que o segundo era o filme que gostaria de ter produzido. Vi diversas vezes o trailer e fiquei nos cascos. O Grande Herói estreia em 21 de fevereiro no Brasil. Se tudo der certo, estarei em Paris, até 23, no meu caminho de volta de Berlim. Torço para que seja bom.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.