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Uma geléia geral a partir do cinema

Karim, no céu de Suely

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Estou de volta ao hotel para redigir meus numerosos textos para a edição de amanhã do Caderno 2, mas não poso deixar de postar sobre Praia do Futuro. saí chapado da sessão, ouvindo opiniões contraditórias que as pessoas, ao redor, iam emitindo - em inglês, francês e espanhol. Alemão, entendo, sorry. Acho que essa divisão vai se repetir no Brasil, mas já vou avisando que não apenas gostei - amei. Na coletiva, da qual vi só o comecinho - por causa das  entrevistas com Sabine Azéma e Sandrine Kiberlain -, ou duas respostas de Karim Aïnouz e Wagner Moura. Karim repetiu uma coisa que já o ouvi dizer. É seu credo - às vezesa, ele tem a impressão de que não filma com a câmera, mas com o coração. Seu último filme me havia decepcionado, e pelo mesmo motivo que não gosto da Verônica de Marcelo Gomes. São filmes sem alma. Virtuosos - Abismo ganhou o prêmio de direção no Rio -, mas vazios. Praia do Futuro tem alma, sentimento. A fala de Wagner - ele disse que não serve ao filme nem à causa da luta contra a homofobia, ficar insistindo no beijo gay que troca com o alemão, nas cenas (bem calientes) de sexo homo. Tratar isso como uma questão somente reforça o preconceito, não é uma atitude política. O mesmo vale para o filme de Daniel Ribeiro, com certeza. Praia do Futuro está sendo um dos melhores filmes dessa seleção. Briguei, afetuosamente, com meu amigo José Carlos Avellar, que deu quatro estrelas ao Resnais. Três estariam de bom tamanho. E se ele deu quatro estrelas ao Resnais - o teto das cotações na revista Screen -, quanto dará ao Karim? Quatro, também? Precioso fazer minhas matérias. Mas já antecipo - a cena em que Airton (Jesuíta Barbosa) reencontra o irmão e explode de raiva, de dor contida, já nasceu clássica. A fala final, superposta às duas motos - Karim retorna à moto no desfecho de O Céu de Suely -, é de chorar de linda. E eu parecido dizer que chorei?

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