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Uma geléia geral a partir do cinema

John Wayne

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Cheguei ontem em casa e encontrei a caixa com os quatro primeiros lançamentos em DVD com que a Paramount comemora o centenário de John Wayne. A pérola do pacote é Caminhos Ásperos, Hondo, do pai da Mia Farrow, John Farrow, a que assisti em Cannes na versão restaurada - e no original em 3-D. Muito legal! A cópia em DVD é plana e eu ainda não revi para conferir a qualidade. Imagino que deva se perder um pouco da força do filme, porque o original busca sempre colocar o espectador no meio da ação, em meio a flechadas e cavalgadas dos índios. Grande John Wayne! Me fez recuar no tempo, de volta às matinês de domingo do extinto Cine Rival, em Porto Alegre. Cheguei hoje no jornal e fui dar uma geral nos e-mails e encontrei mais JW. Jussara Leal, que faz a assessoria da Warner, anuncia o lançamento do DVD duplo de Onde Começa o Inferno, o clássico Rio Bravo, de Howard Hawks, também comemorativo do centenário do Duke. O filme passou em Cannes, em maio, integrando a homenagem que o festival prestou ao astro, mas era o mesmo horário da homenagem a outro grande de Hollywood, Henry Fonda, e eu preferi ir ver Doze Homens e Uma Sentença, apresentado pela Jane Fonda. A comemoração da Warner não pára por aí. A empresa está colocando à venda, por R$ 19,90, uma série de filmes com JW. Rastros de Ódio, Sangue de Herói, Legião Invencível e O Céu Mandou Alguém são todos westerns dirigidos por John Ford - e o primeiro é a obra-prima do grande diretor, mesmo que Ford, para colocar na tela o mito fundador dos EUA, tenha contado muitas odisséias de grupos e aquele filme, especificamente, conta a tragédia de um solitário. Tenho um carinho muito especial por outro western dessa seleção que a Warner está liquidando - Os Cowboys, de Mark Rydell, no qual acho que John Wayne recebe a mais bela homenagem que um mocinho já recebeu na tela. Vocês se lembram? JW faz o capataz durão que contrata um grupo de garotos para um transporte de gado. A experiência é dura, os garotos sofrem, mas realizam o rito de passagem, tornando-se homens e completando o ciclo do aprendizado que é um dos temas clássicos do gênero (com a vingança). O personagem de Wayne morre e os garotos o enterram, levando a cabo, sozinhos, a missão. Mais tarde, eles voltam em busca do túmulo e não o encontram mais, porque a relva cobriu toda a pradaria. Wayne, ou seu personagem, confunde-se com o cenário em que viveu, preferencialmente, no cinema. Muito bonito! Mas não vamos dourar a pílula. Wayne foi um reacionário que, no seu tempo, apoiou a Guerra do Vietnã. Ele chegou a co-dirigir (com Ray Kellogg) um filme sobre o assunto. Os Boinas Verdes também integra a coleção que a Warner coloca nas lojas a R$ 19,90. Em seu guia de filmes, Leonard Maltin diz que se pode deixar a política de lado e, mesmo assim, Os Boinas Verdes tem absurdos e clichês suficientes para ofender a inteligência de qualquer espectador. A cena final tornou-se antológica porque nela o sol se põe no Leste! Mas, enfim, há controvérsia, porque Jean Tulard, em seu Dicionário de Cinema, diz que o filme não é despojado de movimento e pode ser criticado pelo conteúdo, não pela forma. Alguém vai conferir?

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