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Uma geléia geral a partir do cinema

Je suis Vai-Vai

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Tenho trabalhado todos esses dias, fazendo um monte de matérias para o Caderno 2. Não tem sobrado muito tempo para o blog, ou ando com preguiça. Não dei conta de que, no domingo, participei com os amigos Dib Carneiro e Leila Reis do meu primeiro ensaio na Vai-Vai. Nos últimos anos o carnaval tem batido com o Festival de Berlim, e eu não desisto do frio berlinense. Em 2016, a Berlinale começa dia 11, logo após o carnaval - a chamada terça gorda será no dia 9. Depois de ganhar o desfile no ano passado com o enredo sobre Elis, a Vai-Vai tenta o bi com uma homenagem à França. Je suis Vai-Vai, Vé-Vé, como diz a Leila. Devo andar mais esbodegado do que penso, porque saí do ensaio transpirando em bicas e pedindo uma padiola. Preciso me condicionar melhor, porque com os quilos da fantasia - e o complemento da barriga - arrisco-me a cair duro na avenida. Toc-toc, vamos bater na madeira para isolar. Fiz agora pela manhã uma ótima (acho) entrevista com Gabriel Mascaro, de Boi Neon. O filme estreia na quinta que vem, não essa, a outra - 14 -, e da recente leva de filmes pernambucanos que tratam de gêneros (masculino e feminino), Boi Neon é o melhor. Dá de dez em A História da Eternidade, apesar do esforço de João Nunes para engrandecer o filme de Camilo Cavalcanti na Teorema, e Sangue Azul, de Lírio Ferreira, e nesse, me desculpem, não consegui entrar nem empurrado. Da produção recente do Recife, Boi Neon está ali com o Big Jato e o Gabriel me parece primo-irmão de Cláudio Assis, no sentido de que ambos são viscerais. O sexo em um, a m... no outro não são meros efeitos para épater (afinal, sou Vai-Vai). São filmes densos, que realmente (me) sacodem. O cabra macho da vaquejada que desenha moda me parece uma ideia muito mais forte do que fazer o Irandhyr Santos, como tio gay, mimetizar Ney Matogrosso no agreste. Sobre o sexo, a cena de Juliano Cazarré com a grávida, Gabriel me disse que ela foi vaiada em Veneza e aplaudida em cena aberta em Marrakech, onde Francis Ford Coppola presidia o júri (integrado por Naomi Kawase, que deve ter se amarrado no plano-sequência) e ele, Gabriel, recebeu o prêmio de direção das mãos do 'chefão'. Poderoso! Daqui a pouco converso, pelo telefone, com Robert Guédiguian, a propósito do lançamento na quinta, 7, de O Fio de Ariane, e amanhã com Todd Haynes, cujo Carol, com toda certeza, estará entre os 'nominados' para o Oscar. O anúncio será no dia 14 e, antes disso, no domingo, teremos o Globo de Ouro. No Caderno 2 de hoje falo do sucesso das vendas antecipadas de Os Dez Mandamentos - O Filme. Tenho de fazer uma correção, porque, nos dados comparativos, cito Jogos Vorazes - A Esperança Parte 2, mas, na verdade, os dados - 645 mil ingressos vendidos na rede - se referem a Crepúsculo - Amanhecer Parte 2. Esse número nas pré-vendas foi alcançado ao longo de quatro meses, enquanto Os Dez Mandamentos vendeu 150 mil ingressos em quatro (quatro!) dias. Está se desenhando aí um grande sucesso de público. O ano pode estar parado na política e até na economia, mas não na economia do cinema. E, sim, je suis vé-vé.

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