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Uma geléia geral a partir do cinema

Indignados

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Gostei bastante do filme grego que abriu a programaçaoh da manhah - Meteora, de Spiros Stathoupoulos. Outra historia meio Romeu e Julieta, como no filme de Angelina Jolie, In the Land of Blood and Honey Aqui, sao dois noviços, um padre e uma freira. Habitam monasterios localizados no alto de montanhas que ficam de frente uma para a outra. O isolamento eh total, mas ambos descem ao vale para se amar. Saoh devorados pela culpa, desesperam-se. A "mensagem" do filme eh que o unico pecado que Deus naoh perdoa eh o desespero. Meteora naoh tem nenhum contato aparente com o que se passa na Grecia, exceto essa ideia de que eh preciso naoh desesperar, jamais. Na sequencia veio Captive, de Brillante Mendoza, com Isabelle Huppert, baseado no sequestro de um grupo de turistas num resort das Filipinas, em 2001. Os sequestradores integram a Jihad de Osama Bin Ladden. No meio da selva, sequestradores e sequestrados ouvem falar do ataque aas torres gemeas. Hah uma ruidosa celebraçaoh. Ala eh grande - mas misericordioso? Brillante Mendoza nunca foi o que se chama de contador de historias. Seus filmes constroem-se por rupturas, por meio de cenas isoladas. Como disse Isabelle, sua especialidade eh criar o casos e jogar o ator dentro dele, para dar um testemunho da violencia do mundo atual. Captive faz isso. As relaçoes estah longe de ser simples. Os terroristas, de cara, respeitam suas vitimas. Tentam converte-las. O Exercito, lançado no encalço, eh que dispara a torto e a direito, sem nenhuma preocupaçaoh pelos refens. Eles se sentem abandonados por seus governos - o dos EUA se recusa a negociar, o da França leva o caso em banho-maria. Captive eh melhor em partes que no todo. Isso vale para mais ou menos tudo o que temos visto aqui. Muitos filmes interessantes, alguns bons, soh um -o espanhol Dictado, de Antonio Chavarria - perfeitamente dispensavel. Tambem soh um grande, ou pelo menos muito bom, Cesare Deve Morire, dos Irmaos Taviani, os que voltam sem nunca, realmente, ter ido. Jah falei de Indignados? Eh o novo filme de Tony Gatilf. Nunca sei, honestamente, se gosto dos filmes dele, mas gosto de ve-los e acho necessario que exista um autor com essa alma de marginal e cigano. Indignados acompanha uma imigrante africana que, na cena inicial, sai do mar, aportando nas costas da Europa. Ela tenta fazer seu caminho num continente hostil para os sem-papeis. Gatlif filma sua odisseia e mistura cenas de manifestaçoes na França, Grecia, Espanha e Tunisia. Um mundo em transe. Desemprego, achatamento salarial. O filme quer despertar indignaçaoh. Eh militante. Eh bom? Naoh diria isso, mas foi bom ter visto Indignados.

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