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Uma geléia geral a partir do cinema

Gramado (4)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

GRAMADO - Tentei de todas as formas enviar para o portal um texto sobre o debate de A Despedida, de Marcelo Galvão, mas não deu certo e terminei perdendo a matéria. Sobre o filme já falei, num post anterior, mas me emocionou a entrega dos atores. Nelson Xavier, como o velho Almirante, e Juliana Paes, como a amante, Morena. Ele contou como foi salvo pelo câncer. Hoje, está curado, mas a doença, quando detectada, forçou-o a encarar a própria vida e a tentar ser um homem melhor. Juliana, uma das mulheres mais belas do Brasil - e do mundo - falou de duas coisas pela quais é obcecada, dois temas. A solidão e a finitude - das pessoas e das coisas. O que ocorre quando o corpo não acompanha mais a mente? É a dor que consome Almirante em A Despedida. Marcelo Galvão inspirou-se em seu avô. O velho, entre outras coisas, foi quem o apresentou à música de Lupicínio Rodrigues. Ah, esses moços... Morena é um divisor de águas na carreira de Juliana Paes. Ela se despe em cena sem o menor pudor. Disse a Nelson não que usufruísse do corpo dela, mas que ele podia tocar sem medo, pegar com vontade. Ela não ia se sentir abusada. Sabia que era para dar credibilidade à história desse velho que se agarra ao corpo da mulher jovem para a sua despedida da vida. Amei o filme, a dupla. Um amigo achou o filme mal dirigido. O que é o cinema, se o sublime para mim pode ser mal dirigido para outro? Há pouco houve a coletiva de Rodrigo Santoro, que recebe daqui a pouco o Prêmio Cidade de Gramado. Houve uma coletiva - Rubens Ewald foi o meneur du jeu - em que ele falou de tudo. Grande Rodrigo. Lembro-me, e para mim foi uma emoção, da vaia que Rodrigo recebeu em Brasília ao chegar para a apresentação de Bicho de Sete Cabeças - na única vez que cobri o festival - e de como ele virou o jogo. No final, os que o tinham vaiado - por ser belo e galã global - choravam, o abraçavam. Mesmo sem os eletrochoques - talvez -, Rodrigo, como Neto, era eles na tela. E Rodrigo esclareceu sua passagem por Lost. Para um surfista, o convite erra irresistível. Gravação no Havaí. Seis meses, 18 episódios. E muito surfe nas horas vagas. Os produtores queriam que o personagem continuasse, mas Rodrigo bateu pé. Sua vida estava no Brasil. Tinha de voltar. Mataram o personagem, e ele diz que a morte foi interessante. Vou ter de consultar meu amigo Dib Carneiro, que sabe tudo de Lost. Eu não sei nada, nunca vi, não sei se vocês me acreditam. Rodrigo falou muito de seus encontros - com atores (Paulo Autran, Gero Camilo,  José Dumont etc) e com diretores (Laís Bodanzky, Laís Bodanzky, Zach Snyder etc etc). Quase repetiu Adrien Brody, a quem entrevistei há dias. Esses encontros é que dão sentido à vida de um ator. A vida, dizia o poetinha (Vinicius), é a arte do encontro. Um festival, Gramado, também proporciona esses encontros.

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