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Uma geléia geral a partir do cinema

Glenn, Olivia, mulheres em conflito (e o SAG Award)

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Cá estou, de volta a São Paulo, uma volta complicada, porque o toró de fim de tarde fechou o aeroporto de Congonhas e ficamos dando voltas no ar por quase uma hora. Pela manhã, em Porto Alegre, Doris e eu fomos visitar o Centro Cultural Usina do Gasômetro, que andou fechado para reforma e reabriu como parte de um complexo que reúne toda a orla do rio, o Guaíba, como área de lazer. Está lindo! Ontem à noite fomos ver A Esposa, que a Doris detestou, porque não teve paciência nenhuma com a personagem de Glenn Close, à sombra daquele homem - o escritor Joseph Castleman, que recebe o Nobel de Literatura, por livros que ela escreveu. Embora baseado num romance - editado no Brasil -, o filme tem tudo a ver com Sr. e Sra. Adelman, o filme do casal francês Nicolas Bedos/Doria Tiller, que, até onde me lembro, é baseado numa história original deles. Nicolas dirige, Doria tem crédito de (cor)roteirista e os dois interpretam a história que já começa pelo fim. O marido, escritor famoso, morre e a mulher, entrevistada por um jornalista, viaja nas lembranças, que esclarecem a verdade. Ela escreveu os livros e. no limite, destruiu fisicamente o marido, cujo mito criara. Sr. e Sra. Adelman surgiu no auge dos movimentos de afirmação das mulheres - foi uma bela e impactante surpresa. A Esposa, do sueco Bjorn Runge, vai agora na contramao. Jonathan Pryce ganha o Nobel, tem o filho revoltado, o jornalista fdp que tenta extrair a grande revelacao - de que a mulher, Joan, ou Glenn Close - eh a autora dos livros -, mas ela se mantem estoica. Rever os dois filmes finalistas no Oscar me proporcionou uma experiencia curiosa. Gostei mais de A Favorita, menos de A Esposa. A rainha (Anne), na sua excessiva humanidade, eh uma abominacao e Glenn, cuja personagem se define como `fazedora de reis`, eh um anacronismo na sua submissao, algo como `a conformista`. Tem algo de fordiano, a grandeza dos derrotados, mas nao sei se foi influencia da Doris ou o que, essa mulher que deveria me emocionar, inspirar admiracao, compaixao, me irritou. Achava que torcia por Glenn Close no Oscar,mas agora tenho minhas duvidas, mas tambem nao me sinto a vontade para encampar a loucura da rainha Anne, por mais genial que seja a interpretacao de Olivia Colman. Neste domingo, teremos a premiacao do SAG, o Sindicato dos Atores. Glenn ou Olivia, quem leva. Ainda prefiro Glenn, mas minha conviccao estah meio esvaziada.

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