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Uma geléia geral a partir do cinema

Garbo

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Falei num programa duplo no post anterior, mas citei apenas um filme que vi ontem à noite. Na seqüência de 'Orgulho e Preconceito', revi, em DVD, 'Camille', de George Cukor, com Greta Garbo e Robert Taylor. A dama das camélias! Se você é cinéfilo, e deve ser, para fgreqüentar este blog, com certeza já ouviu falar em Cukor como o cineasta da mulher, grande criador de personagens femininas. Cukor ama a mulher apaixonada e Marguerite Gautier, a cortesã criada por Alexandre Dumas Filho, era uma personagem perfeita para ele. com a Garbo, então... Greta Garbo permanece como um dos maiores mitos do cinema. Misteriosa, insondável, ambivalente, ela tinha aquele rosto que se assemelha a uma máscara. Os semiólogos gostam de dizer que o rosto de Garbo era neutro e que o público podia ler nele o que os diretores queriam,. Não sei se é assim fácil. O final de Rainha Cristina - Garbo na proa do navio, olhando o horizonte - é exatamente o contrário disso. Garbo não expressa nada, é só um rosto gélido. Nós é que temos de construir o final do filme de Roubén Mamoulián. A máscara de Garbo fazia sdela uma personagem ideal para tragédias. 'Rainha Cristina' e 'Camille' são tragédias em que a heroína romnântica tudo sacrifica por amor (o trono, o homem amado), e perde. Perde? E a volta de Armand Duval? Em 'Ninotchka', conta a lenda que Garbo não conseguia rir e Ernst Lubitsch precisou providenciar uma dubladora para o seu riso que não saía. Garbo ri em 'A Dama das Camélias'. É um riso falso, porque na maior parte do tempo sua personagem secreta as emoções. Ao se apaixonar, esta mulher aparentemente frívola e sem coração faz o supremo sacrifício, mas Armand volta para vê-la morrer, em seus braços. Muita gente acha que Garbo era uma persona, não uma atriz. Bem - aqui, ela representa. E como! A cena da morte é de arrepiar. E o filme fala com franqueza de sexo, dinheiro, casamento. Acho, apesar de tudo, que a idade pesa em 'Camille', mas não sobre Garbo nem sobre seu Armand, Robert Taylor, que tem o perfil do herói romântico. Não consegui desgrudar o olho da tela. Que coisa!

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