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Uma geléia geral a partir do cinema

'Fratello'

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

CANNES - Tenho corrido tanto para ver filmes, fazer entrevistas e redigir textos para o jornal que nem tem me sobrado tempo para o blog. Fechou-se um ciclo hoje pela manhã, com o novo filme de Matteo Garrone, 'Reality'. Gostaria que Pedro Bial, com quem conversei no Recife, depois de assistir a seu belo documentário (em parceria com Heitor D'Alincourt) sobre Jorge Mautner, estivesse aqui. 'Reality' é sobre um sujeito que destroi a vida dele querendo entrar para o Gran Fratello, o BBB dos italianos. Garrone é o diretor de 'Gomorra' e fez outro puta filme, com uma trilha fantástica, mais uma, de Alexandre Desplat. Mas se o filme fecha um ciclo é por causa do ator, o exstraordinário Aniello Arena, que está preso na Itália. Em fevereiro, os irmãos Taviani ganharam o Urso de Ouro por 'Cesare Deve Morire', sobre aquela trupe de presos que monta Shakespeare, 'Júlio César', na cadeia. Agora, o preso saiu da cadeia para participar de outro filme, mas do set ele retornou 'en galera', como se diz. Impossibilitado de deixar o país - a Justiça vetou o pedido -, não veio para o tapete vermelho, mas Deus, estamos ainda no terceiro dia e por mais que tenha gostado do Matthias Schoenaert, do novo Jacques Audiard, vou torcer para que Arena ganhe o prêmio de interpretação masculina. O cara é poderoso, e essa história de um sujeito que vai perdendo a identidade é muito forte. Luciano, é o nome do personagem, se sente vigiado pela equipe de seleção do 'Fratello' e, na tentativa de agradar à produção, ele passa a representar um papel, como se sua vida fosse uma ficção. Garrone criou um jogo de espelhos muito rico ne complexco para refletir a realidade e eu realmente gostaria de que o Bial, como intelectual que é é - a par de ser nosso sr. BBB -, assistisse a 'Reality' para apadrinhar o filme de Garrone no Brasil. O Grande Irmão, George Orwell já chegou e Matteo Garrone, depois da Máfia de 'Gomorra', encara outro assunto forte (e polêmico).

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