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Uma geléia geral a partir do cinema

Festival do Rio (13)/E deu a tríplice coroa para... As Boas Maneiras

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

RIO - É uma pena que Marco Dutra e Juliana Rojas, que estão em Busan, não tenham assistido à tríplice vitória de As Boas Maneiras na Première Brasil do Festival do Rio de 2017. O filme fez barba, cabelo e bigode. Venceu o prêmio do júri oficial, o da crítica e o Félix, como melhor filme de temática LGBT. Só perdeu o júri popular, que foi para Carolina Jabor e seu belo Aos Teus Olhos, que aborda esse verdadeiro massacre moral em que se transformaram as redes sociais. Daniel de Oliveira foi melhor ator, Marco Rioca, o melhor coadjuvante pelo filme da Carol, e o Marco bisou seu prêmio de Gramado, que lá ele recebeu por As Duas Irenes, de Fábio Meira. Marjorie Estiano foi a melhor coadjuvante e Grace Passô, a melhor atriz, por Praça Paris. Já pedi ao Jean-Thomas que me faça uma cabine do filme da Lúcia Murat antes da Mostra. Foi o único que perdi da competição de ficção. Bem que tentei, achando que conseguiria comprar ingresso na hora. Última sessão, quem ainda ia querer ver o filme da Lúcia? Havia perdido as anteriores, por compromissos de trabalho. Achei que o mundo já tivesse visto Praça Paris. Chegamos, Dib Carneiro e eu, que aqui estava no primeiro fim de semana, e a sala estava lotada. Piripkura, de Mariana Oliva, Renata Terra e Bruno Jorge, venceu como melhor documentário. Três sobreviventes de uma nação indígena defendem sua área protegida no meio da floresta, enquanto ao redor avançam as madeireiras. Slam - Voz de Levante deu a Tatiana Lohmann e Roberta Estrela D'Alva o prêmio de direção de documentário. O filme delas é sobre os campeonatos performáticos de poesia falada e a Roberta, poderosa, estrela até no nome, eletrizou a plateias do Odeon, onde se realizou a premiação. Posso ter discordado, aqui e ali, da premiação. Júlia Rezende não ganhou nada com Como É Cruel Viver Assim, nem Eduardo Nunes com Unicórnio, mas o júri presidido pelo filho de Carlos Saura, António, fez a coisa certa. António foi muito aplaudido ao dizer que viu com preocupação o que está ocorrendo no Brasil, esse avanço do conservadorismo que ameaça nos sufocar. Colocou a Academia Europeia de Cinema, que representa, à disposição, mas essa gente que comanda o Brasil não está nem aí para isso. Fazem tudo para se manter no poder, as alianças mais retrógradas e, como é que disse o Funaro?, o banco da corrupção tem estado muito ativo. Ingressamos na era da corrupção assistida. Tem a que pode, dos aliados, e a que não, dos inimigos. E assim roda a vida. O Festival do Rio colocou o mundo e o Brasil nas telas. Representatividade forte. Mulheres, negros, gays, índios. Que a Première do ano que vem mostre um Brasil um pouco melhor. Estou indo para o aeroporto. Em São Paulo, acrescento mais alguns posts ainda sob a rubrica Festival do Rio antes de começar, na quinta, a Mostra.

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