Tem uma cabine de Relatos Salvajes daqui a pouco, na Mostra. É o filme que vai abrir o evento para convidados na quarta-feira, 15. Já vi em Cannes e até me diverti com o episódio de Ricardo Darín - o filme é em esquetes -, mas estou pensando se revejo ou se vou diretamente fazer os óculos. Perdi de novo. Sou o rei de esquecer óculos em táxis e, quando o motorista é conhecido, ele devolve, mas havia pegado o táxi no aeroporto, no domingo, quando fiz um bate/volta, vindo do Rio para votar (e voltei correndo). Não quero ser ofensivo com ninguém, até porque o júri do Rio, presidido por Karin Ainouz, é integrado por gente a quem admiro - Marcos Bernstein, Malu Mader -, mas eles foram muito destrambelhados. Ainda bem que existe o público. Começo assim minha matéria de hoje no Estado. Se não fosse por ele, a melhor ficção do festival - Casa Grande, de Fellipe Barbosa - teria passado batida. É curioso, sendo Karin o presidente - em Berlim, em fevereiro, torcia pelo filme dele, Praia do Futuro. Wagner Moura estava nas plateias e não é muito frequente que não premiados compareçam ao encerramento, só para ver os outros ganharem. A premiação esgotava-se, e nada de prêmio para Praia da Futuro. O que eu teria dado - o Alfred Bauer, para filmes inovadores - foi para Alain Resnais, Amar,Beber, Cantar! Agora, de novo, o tempo escoava-se e nada de minhas apostas. Um Chico Teixeira aqui, um Gregorio Graziosi ali, o prêmio de documentário para Theresa Jessouroun, mas no geral, alguns prêmios absurdos, que não tinham nada a ver. Fiquei pasmo. Já fui jurado e sei como é difícil. Algumas vezes consegui, com diálogo e persuasão, impor meus favoritos. Com os Dardenne, na Caméra d'Or, não houve jeito. Por conta disso, prefiro permanecer jornalista. Nada mais de júris. Já declinei o recente de Brasília, obrigado. Ia até conferir, só para fortalecimento de minha convicção,. se Deborah Secco ganhou o prêmio de melhor atriz em Paulínia, por Boa Sorte. Aliás, Sangue Azul, que venceu o Redentor, ganhou prêmios muito secundários em Paulínia. Essa coisa de melhor é realmente relativa. Vi quarta-feira o filme de Carolina Jabor no Rio e fiquei chapado com a Deborah e o garoto João Pedro Zappa. Era uma sessão fechada, a mãe dele estava presente. O filho aniversariava naquele dia. Talentoso, esse Zappa. Parabéns! (Não só pelo aniversário.) Quanto a Deborah, se o cinema, como dizia Nicholas Ray, é a melodia do olhar, ela, com aqueles olhos, já chega com metade das personagens construídas. Depois de Bette Davis eyes, Deborah Secco eyes.