PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Festival de Brasília (2)/Piedade! E Deus, quem diria, que é mulher

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BRASÍLIA - Cauã Reymond tem uma cena de sexo que vira arranca-rabo com Matheus Nachtergaele. Dizem-se coisas que não vou repetir, olha o spoiler, mas tem um 'Vai tomar...' A cena de (homos)sexo é forte sem parecer tórrida. Na primeiras aparição de Fernanda Montenegro, como a mãe, nossa musa nonagenária está quase nua, tomando banho. Claudião, o grande Cláudio Assis, filma de cima. Fernanda canta. Claudião não cessa de surpreender, mas a maior surpresa é que, embora Piedade tenha muito sexo - os compartimentos de um puteiro repleto, numa tomada de cima; as cenas de pegação num cinema pornô -, e tudo isso costuma fazer parte do universo do autor, a família de Piedade tem muito afeto. Nesse sentido, é um filme diferente dele, e a mudança do fotógrafo, de Walter Carvalho para Marcelo Durst, também ocasiona outra mudança. Walter estetiza mais, busca a beleza na sordidez. Marcelo 'documenta' o sórdido porque sabe, é o conceito do filme, que a beleza está em outra parte. No afeto, na relação entre filhos e mãe, entre pais e filhos. E Piedade tem uma trama relativa a degradação ambiental, a uma tal Petrogreen - uma contradição, em termos, envolvendo o poder corruptor do dinheiro -, que tem tudo a ver com o momento, o petróleo poluindo as praias do Nordeste e o governo eximindo-se - como já havia feito ao responsabilizar as ONGS, no episódio das queimadas! É o horror, o horror. A segunda noite do 52.º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro teve o Claudião, que foi precedido por dois curtas. O segundo filme de uma trilogia de carnaval de Sabrina Fidalgo, Alfazema, que se abre com a imagem de um valente pinto (mole, imagina d...), maquiado com purpurina, e o documentário de animação Carne, de Camila Kaster, estruturado sobre depoimentos de mulheres sobre seu corpo. Gostei dos dois, mas talvez tenha gostado mais ainda de Carne, do qual participa a '(e)terna' Helena Ignez. Mulheres! Em Alfazema, Deus é femina, Elisa Lucinda, maravilhosa. Estou só dando notícia. Estou postando do quarto, tenho de descer para o debate. Daqui a pouco, volto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.