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Uma geléia geral a partir do cinema

Esportista vagabundo?

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Havia escrito o nome do atleta Adhemar Ferreira da Silva, no post sobre Breno Mello, como a Morte que persegue o Orfeu de Marcel Camus. Resolvi dar uma olhada na pasta do Adhemar. Duas vezes vencedor da medalha de ouro em Olimpíadas, Adhemar foi, durante muito tempo, o único detentor do título no Brasil. Tenho impressão que, bem depois dele, aquele cara da natação, o Gustavo Borges, igualou o feito. Mas descobri na pasta do Adhemar, no arquivo do Estado, uma história que vale a pena resgatar. Adhemar era de origem humilde, filho de pai ferroviário e mãe que lavava roupas. Ele nasceu no Parque do Peruche e viveu sempre por ali. Atleta amador, deu duro para virar campeão mundial de salto triplo. Até aí, sua história não é muito diferente da de outros brasileiros que também encontraram no esporte uma forma de se sobressair. A maioria é no futebol, ele foi no salto triplo. Em 1953, Adhemar era funcionário da Prefeitura de São Paulo. Ausentou-se para disputar o Sul-Americano no Chile. Jânio Quadros era prefeito e o demitiu sumariamente. 'Em meu mandato, não há lugar para vagabundos esportistas', foi sua justificativa. Adhemar Ferreira da Silva registrou sua pior marca numa Olimpíada em Roma, em 1960. Ficou em 11º lugar, mas não estava bem. Foi diagnosticado como tuberculoso. Nunca se recuperou direito. Imagino que exista gente para aprovar o Jânio, mas vagabundo, para o Adhemar? Que coisa...

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