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Uma geléia geral a partir do cinema

E o filho do pedreiro chegou lá

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Estou vindo da premiação do É Tudo Verdade. Na verdade, passei antes na Mercearia do Conde para jantar com minha filha, Lúcia, e a amiga dela, Fabí. E, na verdade mais verdadeira - it's all true -, antes da premiação e do jantar, houve a sessão de autógrafos de meu amigo Dib Carneiro, que lançou, no Teatro da Augusta, seu livro com as peças Crônica da Casa Assassinada, que ele escreveu a perdido de Gabriel Villela, adaptando o romance de Lúcio Cardoso, e Depois Daquela Viagem, que adapta outro livro, o de Valéria Polizzi. Reencontrei amigos queridos, incluindo Vilmar Ledesma, que não via há tempos. Com Neusa Barbosa e Orlando Margarido, antecipei o que espero que venhs a ser nosso prazer em Cannes, assistindo na abertura ao Gatsby de Baz Luhrmann, com Leonardo DiCaprio, e no encerramento à nova versão de Zulu. Confesso que gosto demais do Zulu de Cyrill Endfield, de 1964, que tem cenas de bastalhas impressionantes.  Endfield entrou para a listas negra do macarthismo por suas ideias liberais, que o levaram a ser taxado de 'comunista' numa Hollywood assombrada pelo radicalismo do senador Joseph McCarthy. O horror, o horror. Não consigo deixar de pensar no Joaquim do Supremo como o 'nosso' McCarthy, ou melhor, o McCarthy da Veja, vade retro. Mas deixa tudo isso pra lá, pelo menos agora. De volta ao É Tudo Verdade, acho que os dois júris, o nacional e o internacional, exageraram nas menções, que sempre retiram um pouco da força dos premiados principais., mas vendo a alegria daquela gente me pergunto se não será justo fazer esse loteamento. Confesso que gostei mais do prêmio especial para Uma Vez Entrei Num Jardim, de Avi Mograbi, na competição internacional, do que do grande prêmio para A Máquina Que Faz Tudo Sumir, de Tinatin Gurchiani. O júri nacional deu uma menção honrosa para Em Busca de Iara, de Flávio Frederico, que achei bastante defensável, mas não há o que reclamar do grande prêmio para  Mataram Meu Irmão, de Cristiano Burlan, que também ganhou o prêmio da crítica. No final  fui cumprimentar o Cristiano e dizer que seus dois agradecimentos foram talvez as coisas mais belas que já ouvi nessas circunstâncias, e não importa em que festival. Espero que alguém tenha gravado e que os discursos de Cristiano vão parar no YouTube. Ele ainda fez, não um agradecimento, mas uma fala que calou fundo em mim, ao lembrar que fui o primeiro crítico ao escrever sobre ele, e citou o título do texto, O filho do banqueiro e o filho do pedreiro, sobre João Moreira Salles e Santiago, e sobre o primeiro documentário dele, Construção, no É Tudo Verdade de 2007.  Me doeu demais quando Cristiano dedicou o prêmio ao irmão, cuja morte violenta, afinal, é seu tema. Foi um dia de grandes emoções para mim. Assisti ao longa de Márcio Garcia, Angie,  do qual gostei, mais até pelos defeitos do que pelas virtudes, mas elas são sólidas e eu aviso que irei ao inferno, se preciso, para defender o Márcio e sua atriz,. Camille Belle. Tudo isso fica para amanhã, e não se esqueçam da última sessão do É Tudo Verdade, amanhã às 9 da noite, no Cine Livraria Cultura, sobre o mítico O Iluminado, de Stanley Kubrick. Quem já viu (Orlando Margarido, Regina Cintra), ficou chapado. Mal aguento esperar.

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