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Uma geléia geral a partir do cinema

Desobediência, o poderoso Sebastián Lelio

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Fui ver ontem à tarde o novo Sebastián Lelio. Desobediência - em inglês, Disobbedience. Cabine cheia, na Sony. Gostei muito. O começo é, qual a palavra?, acachapante. O rabino, uma autoridade no estudo - e ensino - da Torá, prega no templo. Hashem criou três categorias de seres vivos. Os anjos, os animais, e o o homem e a mulher. Os anjos vivem segundo a Palavra de Deus, os animais são regidos pelos instintos, e o homem e a mulher possuem livre arbítrio. De todas as criaturas da Criação, são as que podem escolher. Logo no começo, Rachel Weisz, fotógrafa em Nova York, volta para casa para honrar o pai, o rabino que morreu. No passado, e foi um choque para o pai, ele descobriu a homossexualidade da filha e a atração dela por Rachel McAdams. Agora, ela se reencontram e a McAdams está casada com Dovid, Alessandro Nivola, o discípulo preferido do pai, seu sucessor. A capacidade de escolher, de desobedecer. O choque ente tradição e modernidade. Entre as regras e a liberdade. Puta filme bem feito, bem interpretado. Dá um prosseguimento muito interessante a ideias que já estavam em Uma Mulher Fantástica, pelo qual Lelio levou o Oscar de melhor filme estrangeiro. O livre arbítrio. A capacidade de escolher, e arcar com as consequências. Fui pesquisar e descobri que, além desse, Lelio tem um segundo filme em língua inglesa, em pós-produção. Glória. Será um remake daquele outro Glória que o próprio Lelio fez em 2013? Michael Cera e Julianne Moore estão no elenco. Acho muito interessante que esses diretores chilenos estejam desenvolvendo carreiras internacionais. Pablo Larraín dirigiu Jackie, com Natalie Portman. São filmes em língua inglesa, certo, mas são obras rigorosamente autorais. De onde vem essa internacionalização do cinema do Chile? No começo dos anos 1970, o golpe do general Pinochet provocou uma diáspora e os diretores, exilados, dispersaram-se pelo mundo. Patricio Guzmán, Miguel Littín, Helvio Sotto. Dessa vez não se trata mais de uma diáspora provocasda por perseguições políticas. O mundo mudou, os autores encaram desafios, seguem suas vocações. O fato de filmarem em inglês, a línguia do poder, não os subordona.

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