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Uma geléia geral a partir do cinema

Culpa, para fechar o ano em alto estilo

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

É impossível ter atravessado este ano sofrendo tanta dor - física - sem algumas vezes (muitas?) pensar que a morte seria uma libertação. Calma, gente, não sou suicida nem quero morrer logo. Tenho muitos filmes para ver, muita safadeza para fazer. Mas fui (re)ver agora Culpa, do dinamarquês Gustav Möller, e terminei comprando, na lojinha do Belas Artes, o livro de Ana Claudia Quintana Arantes, A Morte É um Dia Que Vale a Pena Viver. A autora é médica e sua especialidade é cuidar de pessoas que morrem. Fui atraído pelo texto da contracapa - 'Passamos a vida tentando aprender a ganhar. (...) Sobre a arte de ganhar existem muitas lições, mas e sobre a arte de perder?? Ninguém quer falar a respeito disso, mas a verdade é que passamos muito tempo de nossa vida em grande sofrimento, quando perdemos bens, pessoas, realidades, sonhos.' Achei muito interessante o que Ana Claudia diz - 'Saber perder é a arte de quem conseguiu viver plenamente o que ganhou um dia.' Comecei a ler no café do Belas Artes e aí entrei para o choque de Culpa, que havia visto na Mostra, com trocentos outros filmes. Havia gostado, mas agora foi verdadeiramente um choque. Um homem, um telefone e a tela do computador. Múltiplas vozes. O homem trabalha no serviço de emergência da polícia e no dia seguinte seu caso estará indo para avaliação da corregedoria. Ele é acusado de haver matado outro homem, um jovem e agora corre contra o tempo para salvar mulher sequestrada pelo ex-marido. Mas nada é o que parece e fazemos descobertas sobre a mulher, o marido, sobre o próprio protagonista policial. Puta filme. Puta ator - Jacob Cedergren. Não creio que neste último dia de 2018, que começa daqui a pouco, vocês consigam vê-lo, mas recomendo. O filme integra a shortlist do Oscar e dificilmente deixará de ficar, creio, entre os cinco indicados para concorrer ao prêmio da Academia. Talvez não leve. Tem o Alfonso Cuarón, Roma, que poderá ser indicado para melhor filme, e o Shoplifters, Assunto de Família, de Hirokazu Kore-eda. O importante é que Culpa é um filmaço.

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