PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

Criar, recriar

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

RIO - Fui conferir meu post anterior. Há quase dez dias! Vim para o Rio no começo da semana passada para entrevistar diretora (Mini Kertis) e elenco (Vladimir Brichta e Alice Braga) de Muitos Homens Num Só. Arsène Lupin (Maurice Leblanc) e o ladrão aventureiro (Louis Malle) em versão carioca, de João do Rio. Gosto bastante do filme que já havia visto no Cine PE do ano passado. Voltei quarta-feira para São Paulo para a coletiva de lançamento do Festival Varilux e regressei ao Rio para fazer, na quinta e sexta-feiras, as entrevistas do festival de cinema francês. Tahar Rahim, Pio Marmai, Patrick Bruel , os diretores de Intocáveis e Samba, Eric Toledano e Olivier Nakache. E elas - Emmanuelle Bercot, Anne Fontaine, Cécile Telerman. Gostei muito desses encontros. Em princípio, teria voltado para São Paulo no sábado, mas meu amigo Dib Carneiro estreou peça nova no Poeira, na quinta-feira. Pulsões, texto escrito a pedido da diretora Kika Freire. Dib veio com a sobrinha, Elisa Carneiro. Agora, exatamente, estão chegando o filho dele, Heitor, e o irmão, Renato (com a mulher, Cida). No Rio, a estreia para o público e as primeiras exibições ocorrem no fim de semana. Para convidados, a função é na segunda. Vou ver hoje (à noite). Dib já viu ontem. Amou. Comemoramos em petit comitet no Bar do Horto, na Pacheco Leão. Kika, o namorado-iluminador, Fran, Elisa, a produtora Maria Simam, o Dib e eu. Foi ótimo - bons vinhos, boas comidas. A montagem era um sonho antigo da Kika, influenciada por escritos da doutora Nize da Silveira. Arte, amor e loucura. Dib está sendo muito elogiado pelo texto dele. Meu amigo é f... Embora ausente do blog, tenho feito muitos textos para o impresso e o portal do Estado. Ontem, emocionei-me ao escrever sobre os 70 anos de Carlão Reichenbach. Carlão nasceu e morreu em 14 de junho. Morreu há três anos, aos 67. Nem sempre estivemos de acordo, mas seu grande legado, para mim - além dos bons filmes -, foi a negação do preconceito. Amávamos o Scarface de Brian de Palma e Carlão conseguia colocar no mesmo pedestal Jean-Luc Godard, Valerio Zurlini e Ruggero Deodato. Um cara que consegue gostar de Dois Destinos/Cronaca Familiare e de Cannibal Holocaust tem de ser... Louco? Eu sou. Pulsões. Tenho visto muitos filmes do Festival Varilux. E, entre os lançamentos, assisti agora a Sob o Mesmo Céu/Aloha. Havia gostado do trailer. Amei o filme. Escrevi um texto hoje no Caderno 2 ligando Aloha a um filme considerado 'menor' de John Ford. O Aventureiro do Pacífico. Donovan's Reef, com John Wayne e Lee Marvin, de 1963. Pode não significar nada para os outros, mas significa para mim. Cameron Crowe fez sua releitura de Ford e, se ele não fez, eu fiz por ele, ligando os dois filmes. Aloha, entre outras coisas, é sobre o sentido do sagrado - sua permanência - no mundo contemporâneo. Clint Eastwood, em American Sniper, também havia feito sua releitura, ou apropriação, de Rastros de Ódio. E, em ambos os filmes, Bradley Cooper revive o mito de John Wayne. Bradley Cooper! O cara é poderoso. A cena em que 'vê' a aula de dança, no fim. Tudo é dito sem o auxílio de uma única palavra. Aloha para ele. Carlão vivia propondo, em suas sessões malditas, em seus filmes, um outro olhar. Tenho muita pena das pessoas cujo olhar é direcionado e não sai do trilho. Tenho muita pena de gente que não inventa seus filmes. Duvido que alguém mais tenha visto John Ford em Sob o Mesmo Céu. Nesse sentido, sorry, meu(s) filme(s) é/são melhor(es) que o(s) dos outros. Conversei sobre isso com Pio Marmai. O homenagerado do Festival Varilux deste ano é diretor de teatro numa cidadezinha no sul da França, Valence. Teatro popular, os clássicos revisitados, e tudo com jovens estudantes. Criar, recriar. Creer, recreer. Vi certa vez no Louvre uma exposição com esse título. Como Picasso, entre outros nomes de ponta, absorveram os clássicos, os canibalizaram e cuspiram a arte moderna. Estou feliz da vida, mas um tanto ansioso para ver essas 'Pulsões' que estão arrebatando tanta gente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.