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Uma geléia geral a partir do cinema

Cannes! (6)/Floresta dos lamentos

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

CANNES - Cá estou eu no sábado, cinco horas à frente de vocês, que ainda estão 'ontem', na sexta-feira. Tive um dia, como se diz, intenso, com direito a Woody Allen, Irrational Man, e a Gus Van Sant, Sea of Trees, mais entrevistas com Naomi Kawase e Matteo Garrone. Não estou muito seguro de que tenha gostado de Irrational Man, mas Woody, enfim, parou com as frivolidades daquele filme sobre Roma e de Magia ao Luar, tentando reencontrar a seriedade e densidade de sua fase com Mia Farrow. Irrational Man me lembrou muito Crimes e Pecados. Joaquin Phoenix faz um professor de filosofia que começa citando Kant e seus questionamentos éticos, sentindo-se autorizado a cometer um assassinato em nome da Justiça, mas depois, para se manter impune, tenta cometer outro crime. O filme é muito interessante, tem a trilha mais barulhenta da carreira de Woody, só não acho que seja tão bom quanto o 'velho', da fase Mia, que, para mim, continua sendo a melhor, a que vale a pena, sorry. Ocorreu hoje o que não acreditava que ia ver um dia aqui em Cannes. Gus Van Sant foi vaiado nas duas sessões de imprensa de seu novo longa, Sea of Trees, com Matthew McConaughey e Naomi Watts. Eu, que, como diria Celso Sabadin, sou do contra, há tempos não via um filme de Gus que achasse minimamente interessante, Last Days, Paranoid Park, Milk, acho tudo uma m..., mas surpreendentemente, até para mim, viajei com Sea of Trees, que, para permanecer na vizinhança de minha amada Naomi - a Kawase, não a Watts -, é a Floresta dos Lamentos do diretor norte-americano. Um homem, completamente fucked up após a morte da mulher, procura na internet o lugar perfeito para morrer e encontra essa floresta no Japão. Parte numa viagem sem volta, mas a vida é imprevista e vem quando menos se espera. Na tal floresta, McConaughey encontra Ken Watanabe e aí o filme entra no domínio do mito, aquelas coisas de Kenji Mizoguchi. Devo entrevistar Gus no domingo, e agradeço à Mariana, da Sony, porque será one a one. Com certeza vou ter o que falar com ele. Já são quase 2 (da manhã) aqui. Despeço-me, porque daqui a pouco tenho de acordar para ver o Nanni Moretti, Mia Madre. Isso aqui é o paraíso do cinéfilo.

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