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Uma geléia geral a partir do cinema

Cannes! (3)/O primeiro italiano

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

CANNES - Tale of Tales, de Matteo Garrone, foi o primeiro italiano da competição. Na sequência, virão Mia Madre, de Nanni Moretti, que concorre em dez categorias no David di Donatello, o Oscar da Itália, que será atribuído em junho, e o Paolo Sorrentino, que, em Youth/Juventude, conseguiu reunir Michael Caine, Jane Fonda e Harvey Keitel. Tale of Tales é livremente adaptado de histórias do escritor Giambattista Basile no livro Pentamerone. Garrone já ganhou duas vezes o Grande Prêmio em Cannes - por Gomorra e por Reality. Não há um de seus filmes que se assemelhe, mas há um barroco que talvez seja sua assinatura. Na abertura, percebemos a tristeza da rainha/Salma Hayek, que quer ter um filho, mas não pode. Para realizar seu sonho, ela aciona um  feiticeiro que liberta forças ocultas. Ou seja, para alcançar o que deseja, ela provoca o que não vai querer, uma espiral destruidora que vai percorrer as várias histórias que integram o relato. A rainha e seu rei, que tem de matar um monstro marinho e arrancar seu coração, que terás de cozinhado por uma virgem. A rainha e a virgem têm filhos idênticos, albinos e inseparáveis. E tem outro rei, Vincent Cassel, seduzido por uma voz, que na verdade pertence a uma velha, mas por um estranho sortilégio ela fica jovem. E há um terceiro rei, que promete a mão da filha ao vencedor de um torneio e quem vence é um ogro. São histórias de heroísmo e magia. Enchem os olhos, mas não creio que o roteiro, que Garrone escreveu com seus colaboradores habituais - Ugo Chiti e  Massimo Gaudioso -, seja bem urdido. Fiquei algo decepcionado, e olhem que gosto de Garone - a abertura de Reality é espetacular. Assim como Mad Max, que abre hoje no Brasil, Tale of Tales abre hoje na Itália. O desconcertante é que, mesmo retratando um mundo popular, o filme é falado em inglês, por força das parcerias internacionais. Arrisco que teria mais graça falado em dialeto, como o Decameron, de Pier Paolo Pasolini, mas como, se o elenco o que menos tem são italianos? Salma, Cassel, John C. Reilly, Toby Jones etc. Para mim, pelo menos, Garrone ficou devendo.

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