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Uma geléia geral a partir do cinema

Cabeça de Oscar?

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Até agora não olhei direito a lista de indicados para o Oscar e, por isso mesmo, tenho trocado os pés pela mão em certas observações. mas a verdade é que, no fundo, não ligo muito pro tal maior prêmio do mundo, até porque nunca estou em sintonia com os acadêmicos. É raro eu acertar as indicações e, menos ainda, os vitoriosos. Por exemplo, a Miss Avon, Reese Whiterspoon, foi melhor atriz por 'Johnny e June'. Com meu voto, ela não seria nunca. Até agora, não fiz nenhum comentário sobre uma categoria que me interessa especialmente, a de melhor filme estrangeiro. Vou misturar dois raciocínios. Integrei certa vez a comissão que escolhe o representante brasileiro. Foi no ano em que 'Abril Despedaçado' foi indicado e uma revista semanal fez a grande denúncia sobre a 'conspiração' para indicar o filme de Walter Salles. Justamente naquele ano havia sido voto vencido porque meu candidato era 'Bicho de Sete Cabeças', que talvez também não tivesse concorrido ao prêmio da Academia de Hollywood, mas teria me deixado muito mais contente. Todo ano, é sempre a mesma ladainha. A comissão brasileira tenta pensar com a cabeça do Oscar, seja lá o que isso representa. Eu acho que a gente tem de escolher o melhor, o mais representativo, e f...-se. Entre os indicados deste ano está 'La Teta Asustada', de Claudia Llosa. Decididamente, não tem cara de Oscar, seja lá qual seja, mas está entre os cinco. Os demais indicados são - 'A Fita Branca', de Michael Haneke, que ganhou a Palma de Ouro no ano passado; 'Un Prophète', de Jacques Audiard, que eu amo e pelo qual vou torcer, mesmo que, como filme de gângsteres, por mais forte (e interessante, inovador) que seja seu recorte, possa dar a impressão de percorrer um território já mapeado por Hollywood; o israelense 'Ajami', que teve apoio do World Fund do Festival de Berlim ('La Teta' ganhou o Urso em 2009, não se esqueçam); e, finalmente, o argentino 'O Segredo de Seus Olhos', de Juan José Campanella, do qual gostei bastante, quando o vi no Festival do Rio, no ano passado. O próprio Campanella estava no Rio e fiz uma entrevista longa com ele, conversando sobre 'O Filho da Noiva', que já lhe valera uma indicação para o prêmio da academia - e o assunto, claro, também foram as possibilidades do novo filme este ano -, além de falarmos sobre sua atividade como diretor de 'House'. Pelo que entendi, ele soube da indicação justamente no set de 'House', quando dirigia mais um episódio da série com Hugh Lurie, nos EUA. O legal é que a lista de indicados da categoria neste ano é muito boa. Num certo sentido, o concorrente mais tradicional é o argentino, que se baseia no livro 'La Pregunta de Sus Ojos', de Eduardo Sacheri, sobre aposentado do Tribunal Penal (Ricardo Darín) que decide escrever um romance baseado num caso de assassinato que o perturba há mais de 25 anos. Misturando romance e suspense, Campanella cria um sólido - e sombrio - exemplar de cinema de gênero e o filme carrega um subtexto político perturbador sobre os anos de chumbo no país vizinho. Vi que o cartaz de 'O Segredo de Seus Olhos' já está em exposição no Arteplex, mas não creio que vá estrear antes do Oscar. Tomara que sim. 'A Fita Branca' já entra sexta. E o 'Profeta'? Sinceramente, não sei. Alguém me dá notícias do filme de Audiard?

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