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Uma geléia geral a partir do cinema

Cá estou!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

TIRADENTES - Meu último post data de mais de uma semana. Estou realmente em férias - no blog. Neste ínterim, estive no Rio, fui a Porto Alegre, voltei ao Rio e agora estou no interior das Gerais. Minas! Amo isso aqui. Daqui a pouco começa a 18.ª Mostra de Tiradentes, com a homenagem a Dira Paes e a exibição do longa dela, Órfãos do Eldorado. Tenho de admitir que só me ferro com a internet. Todo mundo, desde a assessoria do filme à do festival e à própria Dira, me falava no filme do Guilherme. Fui procuirar na internet e não sei nem que nome coloquei na matéria do Estado, mas foi outro Guilherme. Encontrei na rede, numa ficha do filme. Enfim, não há de ser o maior dos meus pecados e eu estou louco para ver o filme de Guilherme Coelho (enfim, certo). Será curioso. Meu amigo Dib Carneiro está aqui e ele fez, a pedido do próprio Milton Hatoun, uma adaptação para teatro. Agora, com o filme... Não é a primeira vez que isso ocorre com o Dib. Ele adaptou Estação Carandiru, que virou filme (de Hector Babenco) e só depois a peça estreou, ganhando o Shell de dramaturgia. Já que, na terra do cinema autoral, estou falando de teatro, vou seguir contando que tive uma ótima temporada teatral no Rio. Três a um, três peças e um filme. Começamos com Nômades, depois o Chacrinha e finalmente O Homem Elefante. Gostei muito de Nômades, amei o Chacrinha e siderei com O Homem Elefante. Embora não seja a única diretora, dessa vez Cibele Forjaz me arrastou a uma experiência visceral. Rainhas, O Idiota, nada me havia impressionado muito, mas O Homem Elefante... Pqp! Fomos também, Dib estava comigo, ao show de Maria Bethânia, outro espanto. Só ela para fazer um show de carreira omitindo standards e privilegiando o lado B de seus sucessos. Fiquem ligados! Encontrei Fernanda Montenegro na plateia e, quando lhe disse que ia ver o musical do genro, a grande Fernanda pediu que me preparasse para o Stepan. Mesmo preparado, fui atropelado pela extraordinária interpretação de Stepan Nercessian. Quando ele entra no palco pela primeira vez, é de arrepiar. Tem gente que reclama quando se diz que um ator 'encarna' determinado personagem. Diz que atuação não é espiritismo. Stepan encarna, sim. Reencarna Chacrinha. Viajei nas lembranças. Lembrei-me dele garoto, com Françoise Forton, em Marcelo Zona Sul, de Xavier de Oliveira. Depois, adolescente, em André, a Cara e a Coragem, também de Xavier Oliveira, e como o Queró de Plínio Marcos, na adaptação de Reginaldo Faria, Barra Pesada. Não me lembro de nenhuma homenagem desses grandes festivais brasileiros a Stepan. Nem Gramado nem Recife.Está mais que na hora.Falei do genro de Fernanda Montenegro, Andrucha Waddington, que dirige Chacrinha. Não duvidava que ele pudesse se sair bem. Duvidava que fosse gostar tanto, considerando que não sou tão chegado ao gênero como meu editor Ubiratan Brasil. Mas subestimei o Andrucha e o autor, ou coautor do texto. Pedro Bial pode ser detestado por muita gente por causa do BBB. Eu não vejo, nem quando passo pelo quarto da empregada (que não tenho), eterna desculpa de 'intelectual'. Mas o Pedro Bial no cinema e, agora no palco, é um pensador do Brasil, e com uma trilha que é a súmula do brega e do chique na MPB, no período em que Abelardo Barbosa reinava como maior comunicador do Brasil (do mundo?), merecendo estudos de especialistas estrangeiros. Emocionei-me de verdade. e ainda houve Nômades, que Márcio Abreu dirigiu com dramaturgia própria e de Patrick Pessoa, mais a colaboração do trio de atrizes (Andrea Beltrão, Andrea Beltrão, Andrea Beltrão, brinco porque Malu Galli e Fernanda Limaé que fecham o trio fabuloso), com base num conceito de Gilles Deleuze. O nômade que se move para permanecer no mesmo lugar. Muito interessante, e com uma trilha também boa. Esquecia-me da versão pocket de Elis, a Musical, que vimos no Beco das Garrafas, e com o próprio Mieli na plateia. A todas essas (re)vi só um filme, o Invencível de Angelina Jolie, a poderosa. Vou ao inferno, se tiver de ir, para tentar provar que, de convencional, o filme não tem nada.

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