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Uma geléia geral a partir do cinema

Berlinale (22)/Ainda a premiação

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

PARIS - Essa coisa de a gente escrever rapidamente, no calor da hora, às vezes cria seus problemas. Até acho que, com exceção do Joaquim, o júri de Paul Verhoeven premiou os filmes certos, mas com os troféus errados. Eu certamente gostaria de ter visto Júlio Maachado vencer melhor ator, pelo filme de Marcelo Gomes. E torcia, para mrelhor filme, por Ana, Mon Amour, do romeno Calin Peter Netzer. Havia gostado de On Body and Soul, De Corpo e Alma - procurem o post que fala na pepita da Hungria -, mas só ontem, ao redigir a entrevista com a diretora Ildikó Enyedi, que espero que esteja no Caderno 2 desta segunda, 20, foi qwue decantei a extraordinária riqueza do filme dela. O júri de Verhoeven, afinal, talvez tenha sido mais transgressor ao premiar a subversiva - e transcendente - Ildikó do que teria sido ao premiar o psicodrama de Netzer, do qual continuo gostando muito, mas agora, cada vez que penso no filme, ele me vem associado, tipo pesquisa da internet, a Vida em Família, um Ken Loach do começo dos anos 1970. Enfim, de volta ao Brasil retomo essa conversa. O filme de Ildikó é sobre um homem e uma mulher que não se gostam no cotidiano, mas levam uma existência paralela, encontrando-se no mundo dos sonhos, e na verdade tendo, reiteradamente, o mesmo sonho, em que formam um casal de cervos na floresta. Na entrevista, Ildikó disse que a vida da gente não pode se reduzir ao social. Que tem de haver mais alguma coisa. Citou Jung - nos sonhos somos mais livres que na realidadee, que nos oprime e reprime com suas regras. Daí a forma particular do filme dela - sonhos filmados de forma realista, o cotidiano - no matadourn em que trabalham os protagonistas - de forma mais estilizada. Ainda não desenvolvi o conceito direito, mas tem algo do próprio Verhoeven, O Vingador do Futuro, nisso aí. De Corpo e Alma bem pode ser O Vingador do Futuro sem a ação e violência física de Verhoeven, refeito por sua seguidora de Andrei Tarkovski, a quem Ildikó costuma ser ligada, mas ela é a primeira a dizer que não tem nada a ver, embora o admire. Pelas transcendência, talvez?

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