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Uma geléia geral a partir do cinema

Berlinale! (19)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Acho até ridículo o que vou dizer, mas, por uma questão de honestidade pessoal e profissional, tenho de confessar que gostei bastante do concorrente vietnamita, Cha Và Com Và, ou Big Father, Small Father and Other Stories, de Phan Dang Di, mas por momentos fiquei confuso. O filme conta a história de um grupo de amigos Em Saigon, ou melhor, Ho Chi Minh, no fim dos anos 1990. Um fotógrafo e seus amigos. Frequentam baladas e um desses amigos apresenta o fotógrafo para uma dançarina, com quem rola um clima, mas no fundo quem ele deseja é mesmo o carinha. O problema - os atores são todos jovens, meio parecidos, e por momentos naquela confusão de diálogos em alemão e inglês, eu me desesperava para saber quem era quem. A parte da cidade é violenta, sensual, mas aí o grupo entra em litígio com os donos da noite e foge para o interior, para o lugar em que vive o pai do fotógrafo, e ele se chama Vu. Muda a paisagem. Entram a floresta e um rio, misteriosos como num filme Apichatpong Weerasethakul.  Há um clima de desencanto, os amigos vão desertando e os que sobram discutem a possibilidade de fazer vasectomia, o que entendi como uma coisa simbólica, como se Phan Dang Di quisesse dar seu testemunho sobre uma geração (a dele?) que se sente deslocada, sem lugar no mundo. Já escrevi no jornal, e aqui também, que a seleção deste ano da Berlinale me passou muito a ideia do fim de alguma coisa (uma era?), mesmo que o fim, muitas vezes, seja um novo começo. É o segundo filme do diretor e roteirista, que leciona na Universidade Nacional de Hanói e ganhou um monte de prêmios com seu longa de estreia, Don't Be Afraid, Bi, de 2010. Cha Và Con Và  é seu segundo filme, e não me surpreenderia se ganhasse alguma coisa.

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