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Uma geléia geral a partir do cinema

Berlinale (17)/E da Romênia veio.... Ana!

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - E no último dia veio o melhor filme da competição, o romeno Ana, Mon Amor, de Calin Peter Netzer. O filme contas as histórias de um casal. No início, ela, emocionalmente instável, depende dele. Mas a situação se inverte. Ele se fragiliza, ela se fortalece. Não quero nem pensar no que essa visão dos gêneros pode ter de polêmico, ou incorreto. Homem forte, mulher fracva e vice-versa. Não tem, de ser assim, realmente. Só sei que me apanhou. Em Joaquim, de Marcelo Gomes, a escrava Zua cobra desde o começo uma atitude do alferes. Os 20 minuitos finais que me arrebataram e arrebentaram referem-se justamente ao reencontro de ambos, quando ela está numa posição de força e desencadeia a transformação de Joaquim em Tiradentes. Em Ana, Mon Amour, a questão é outra, a transformação implode o homem. Psicanálise básica. O homem se analisa, a mulher se analisa e o filme analisa os dois. Não pude deixar de pensar em Maren Ade, na entrevista que me deu em Cannes, no ano passado, ao explicar porque filmou Toni Erdmann na Romênia. Ela não queria o circuito tradicional - Londres, Paris, Roma. Alguém lhe sugeriu Bucareste. Ela foi e ficou impressionda. Uma sociedade com uma estratificação muito grande de classes, com origem na nomenklatura (elite) do comunismo. Presenças muito fortes da religião e da família. E uma elefantíase de sexo, como se todo mundo quisesse sublimar a m... da vida trepando. Encontrei tudo isso em Ana. Netzer é um grande diretor e, como todos os seus colegas da nova onda romena, adota o plano-sequência. A questão é - o filme leva o quê? Urso de Ouro? Merece, mas a questão do imigrante e a empatia do público continuam com Aki Kaurismaski, O Outro Lado da Esperança. Netzer pode ficar com o grande prêmio dfo júrio ou o prêmio de direção. Tremio por Júlio Machado, que gostaria de ver eleito melhor sator por Joaquim. O ator Mircea Postelnicu, que faz Toma, é de cortar o fôlego, mas não tem como o júri premiá-lo sozinho. Teria de premiar também a atriz, Diana Cavalioti, e aí fica mais difícil. Não é comum os júris premiarem melhor ator e atriz pelo mesmo filme. Acho que a transexual chilena é quem leva o prêmio de atriz. Daniela Vega, de Uma Mulher Fantástica. Enfim, falta pouco para a premiação. Já é noite aqui, estou três horas à frente, não se esqueçam. Os prêmios da crítica e dos júris paralelos saem amanhã, por volta do meia-dia, 9 horas do Brasil. E eu vou estar torcendo por Joaquim, e pelo Júlio Machado, o dia todo, até o gran finale, à noite..

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