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Uma geléia geral a partir do cinema

Amantes maravilhosos

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

FLORENÇA - Continuou a minha epifania. Fomos, Dib Carneiro, Marcelo Cordeiro e eu, jantar na casa dos pais de Francesca Della Monica. Enzo tem 95 anos, a mulher, 76. Moram em Pomino, na montanha,  a uns 40 minutos de Firenze. A casa de pedra é antiquíssima, com direito a jardim, pomar e horta. Foi um jantar maravilhoso, mas foi principalmente uma prosa de encher a alma. Conversamos de cinema. Enzo é amigo de Ermanno Olmi e contou-me como, jovem ainda, fez tal  estardalhaço durante uma das primeiras projeções de Entr'Acte que o próprio René Clair quis lhe apertar a mão. Acho essas coincidências incríveis. Hoje, abri minha caixa de e-mails, em busca de recados, e havia essa mensagem dizendo que A Nous la Liberté/A Nós, a Liberdade, de Clair, era a atração do canal Art, da Band. Francesca, até por sua especialização como preparadora vocal, tem tido o privilégio de trabalhar com grandes nomes da representação e da música, na Europa como no Brasil. Dominique Sanda, Alida Valli, Marina (a cantora). Para um mitômano,. como eu, são histórias maravilhosas. E a mãe é versada em Vasco Pratolini. Sabe tudo sobre ele e suas adaptações para o cinema - Crônica dos Pobres Amantes, Cronaca Familiare/Dois Destinos, Metello. Repassamos cenas essenciais - a despedida da avó, Sylvie, em Cronaca. Tenho pensado muito em Florença no cinema. James Ivory tem me perseguido. A Room with a View, Quarto com Vista, mas no Brasil o livro adaptado de E. M. Forster chamou-se Uma Janela para o Amor. A jovem Helena Bonham Carter. Maggie Smith. Julian Sands e aquele garoto pedante que virou mito -  Daniel Day-Lewis. Lucy visita Florença pela primeira vez. Sonha com um quarto que dê vista para o rio Arno. No final, mesmo sem vista, o quarto lhe abre outra janela - para o amor. Estou aqui há menos de 72 horas e já descobri que a cidade é mágica.

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