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Uma geléia geral a partir do cinema

Adeus de Bela Tárr?

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

BERLIM - Bela Tárr foi impressionante na coletiva dos vencedores. Ao receber wseu premio, o maxilar retesado, ele passou a impressao de estar irritado. Ganhou a prata, o premio especial do juri. Queria o ouro. Nem agradeceu o premio. Na coletiva, ele esclareceu que faz filmes com poucos dialogos porque nao acredita nas palavras. O cinema lhe permite, ou exige, que ele trabaklhe com a imagem. Bela Tárr é um grande senhor, um inteklectual. Anunciou que O Cavalo de Turim será seu último filme. Nao é uma decisao precipitada nem emocional. Quando o escreveu, ele já tinha a sensacao de estar se despedindo. O filme marca um ápice de suas concepcoes estéticas. Se insistisse, fazendo novos filmes, ele teria a impressao de estar se repetindo. Mas nao desistiu de seguir participansdo da cena cultzural da Hungria. Ele criticou o governo, que, com a nova lei de imprensa, se arrisca a anular tudo o que 20 anos de democracia representaram para a Hungria. O governo, ele advertiu, despreza o cinema e o trata como aos outros meios de comunicacao. Ou seja, quer simplesmente controlá-lo, calar a oposicao. É impressionante como países com tradicao autoritária, ou ditatorial, convivem mal com a democracia. Bela Tárr pode estar parando. Nao vi Leon Cakoff nem Renata de Almeida aqui na Berlinale. Posto que ambos admiram Bela Tárr, fica a sugestao de que a Mostra o homenageie ou, quem sabe, leve a Sao Paulo.

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