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Uma geléia geral a partir do cinema

Abri olhos e... A Freira estava me encarando!

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Quatro dias para terminar o ano. Não vou mais reclamar quão difícil foi 2018 porque, por experiência, todos sabemos que as coisas sempre podem piorar. Sofri muita dor física, algo se quebrou, emocionalmente. Passou - sobrevivi. O cinema foi fundamental, nesse processo todo. Estamos encerrando um ano que foi difícil para o cinema comercial brasileiro. Muitos blockbusters decepcionaram, mas, paradoxalmente, o cinema autoral, como nicho que é, resistiu bravamente. Do ponto de vista autoral, diria que foi um belo, até um grande ano. Do ponto de vista internacional, os super-heróis e o terror fizeram a farra das bilheterias. E com filmes bons, cujo valor estético, político, comportamental, defendo com paixão. A saber - Aquaman, o poderoso Jason Momoa, Pantera Negra, o triunfo da consciência negra que já vinha se sedimentando no Oscar, e o convulsivo, e romântico, A Freira. Aliás, não relatei no blog. No domingo, não nesse último 23, no anterior, estou no metrô, fechei os olhos por um momento e, quando abri, estava a figura sinistra do cartaz do filme de Corin Hardy. A freira, em pessoa, me encarando. Um cara igualzinho, com o hábito e a maquiagem perfeita. Meu coração, mesmo quebrado - e revascularizado -, deve estar muito bem para ter resistido ao choque. Por um segundo fiquei fora do ar. O que está ocorrendo? Achei interessante. Na CCXP, vi toda aquela gente vestida com seus heróis preferidos. Muitas Mulheres Maravilha, muitas Capitãs Marvel. E, claro, muitos Batmans - ou Batmen -, Super-Homens, para não falar da guarda do império de Star Wars, os indefectíveis Stormtroopers, cujos capacetes, as cabeças de balde, lhes valeram o apelido pejorativo. Mas a freira... Por que alguém vai escolher como persona a origem da invocação do mal? Porque, no fundo, tem a ver com o espírito da época. Trump, Salvini, o clã Bolsonaro, Moro, o patético Olavo de Carvalho e todos os seus acólitos, João de Deus. O horror, o horror. Chega. Vou fazer uma lista provisória de melhores nacionais, outra de melhores internacionais e, na segunda, posto a minha lista de melhores do ano. Ainda tenho de ver o Gus Van Sant, não que coloque muita fé em A Pé Ele não Vai Longe. Aguardem.

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