PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Uma geléia geral a partir do cinema

A reação do homem comum. E se...

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

MAR DEL PLATA - Chandran Rutnam era garoto em, Sri Lanka quando a produção de A Ponte do Rio Kwai alugou a casa de seus pais, durante a rodagem do épico intimista de guerra de David Lean. Para Rutnam foi um sonho, um mundo totalmente novo e fascinante. Para consternação da família, decidiu que ia ser cineasta. Foi estudar cinema em Londres, depois em Los Angeles. Em 1981, num golpe de mestre, convenceu John Derek que seria mais econômico filmar Tarzan, o Filho das Selvas, com a mulher do diretor, Bo, em Sri Lanka que na África. Rutnam terminou criando a Sri Lanka Film Comission e forneceu todo o suporte para a realização de filmes como Indiana Jones e o Templo da Perdição, de Steven Spíelberg, e Indochina, de Régis Wargnier. Foi até dono de uma companhia aérea, Lionair. Por que estou escrevendo tudo isso sobre esse cara? Porque fui pesquisar sobre ele depois de ver A Common Man, Um Homem Comum, ontem na TV. O filme com Ben Kingsley e Ben Cross foi distribuído pela Califórnia no Brasil, ou pelo menos foi o que encontrei na rede, mas não o tinha visto nos cinemas. Talvez tenha ido direto para o mercado de home video. Ficcionaliza a reação do homem comum face ao terrorismo. E é curioso que Rutnam tenha escolhido Ben Kingsley, famoso por seu papel como Gandhi, o apóstolo da paz, para essa história sobre homem que espalha bombas pela cidade de Colombo e lança um ultimato à polícia, exigindo a libertação de quatro terroristas (e traficantes de armas) presos no país. A trama oferece muitas reviravoltas e surpresas, colocando a questão ética do combate ao terrorismo. Golda Meir, a lendária primeira-ministra de Israel, adverte em Munique, de Spielberg, sobre o risco de se perder a alma ao extrapolar os próprios limites em nome do combate ao que parece justo, mas raramente é. Isso não vale só para a guerra, vale para tanta coisa... Um Homem Comum ganhou um monte de prêmios em festivais na Ásia e até em Nova York. Não é nenhum grande filme, mas me deixou com um monte de questões na cabeça. Acho que é isso que todo bom filme deve fazer.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.