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Uma geléia geral a partir do cinema

A Procura da Felicidade

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Sempre achei que o título do filme com Will Smith fosse A Procura da Felicidade, com A artigo. Afinal, o original é The Pursuit of Happiness, no sentido genérico, e o título brasileiro reforça a idéia de que quem persegue a dita cuja é o personagem de Will Smith. Achei muita coisa legal no filme, mas no fim me senti lesado, porque parece que o diretor Gabriele Muccino está querendo criticar o novo mundo de economia globalizada, com sua legião de excluídos, e no final, quando entra o letreiro, ficamos sabendo que a intenção é outra. Confesso que não sabia quem era o personagem. Achei que era uma ficção à Frank Capra, mas é uma ficção baseada em personagem real (mais um). Aliás, vou contar para vocês. Também não sabia (juro!) que o Forest Whitaker fazia Idi Amin em O Último Rei da Escócia. Não havia lido nada nem visto o trailer. Olhava o cartaz, mas nunca me chamou muito a atenção o fato de ele estar caracterizado de uniforme e até me perguntava que raio de título era aquele. Descobri na hora, o que, por um lado, foi muito interessante. Cheguei sem parti-pris nenhum, a favor nem contra. Mas é ser desligado, admito. Quero aproveitar para fazer um comentário sobre o título que Flag of Our Fathers recebeu no Brasil. Todo mundo que eu falo acha A Conquista da Honra muito ruim, preferindo o título que o filme recebeu na França, Memórias de Nossos Pais, já que o original, Bandeira de Nossos Pais, só faz sentido para os americanos, sempre tão obcecados com seu símbolo pátrio. (Caí duro quando entrei naquela catedral da 5ª Avenida, em Nova York, e tinha lá um Cristo crucificado e, ao lado, a bandeira americana. Mas nem na igreja? Somos todos filhos de Deus, mas existem os nascidos nos EUA...) Num filme que mostra que o heroísmo é impossível porque a humanidade é muito frágil (demasiado humana...), como o do Clint. acho o título legal porque, além de uma dimensão à John Ford (a chamada 'grandeza dos derrotados'), mostra que não resta àqueles infelizes, que sabem que não estão à altura do papel que lhes é atribuído, outra alternativa senão buscar a honra. Como se conquista a honra? É o que torna, para mim, mais dilacerante a imagem daquele homem, derrotado, naquela estrada. Acho Cartas de Iwo Jima importante, mas amar, amar mesmo, só A Conquista da Honra. A propósito, quando entrevistei Rachid Bouchareb, ele também aprovou o título brasileiro de Indigènes. Disse que o original faz sentido na França, mas gostou bastante de Dias de Glória, como seu filme se chama no Brasil. Quer dizer - tem muito exemplo ruim, mas, às vezes eles (os distribuidores) acertam, né?

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