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Uma geléia geral a partir do cinema

A festa continua

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

RIO - Estou de volta na sucursal do 'Estado', na Av. Rio Branco. Ontem, isso aqui estava o maior tumulto, com o Cordão do Bola Preta, um mar de gente que tomou conta não apenas da avenida, mas das calçadas. Terminei dançando. Fui furtado. Me levaram a carteira com documentos (e cartões de débito e de crédito). A merda é que o dinheiro que eu tinha estava no outro bolso e lá ficou. Imagino que o fdp que me furtou deve ter jogado tudo aquilo no lixo (cartões com chip etc). Só me causou problemas, mas, enfim, de tarde fomos atrás do bloco do Barbas, em Botafogo, e à noite, por volta das 4 da manhã, entramos na gloriosa Sapucaí, a 'bordo' da Império Sererano, do grupo de acesso, que tenta voltar à primeira divisão das escolas de samba. O tema era Vinicius, encontrei amigos na ala (o Jorge Uchoa) e foi um espetáculo.  Desfilamos debaixo de chuva, cantando e sambando feito loucos. Não vou tentar reproduzir para vocês o que foi o clima. É que nem sexo. Só quem faz descobre como pode ser 'gozoso'. Estou vendo agora que a Salgueiro, hoje de noite, homenageia o Rio visto pelo cinema. Se eu soubesse, teria dado um jeito de desfilar pela escola, mas estava em Berlim, deixei tudo nas mãos de Fátima Carderal e Dib Carneiro e eles optaram pela Império. Ambos fizeram sua estreia na Sapucaí - e a do Dib no asfalto. 'O pior é que gostei', dizia ele no fim do desfile, exausto mas feliz. Vejo agora, também na TV da sucursal, que morreu Alberto Granado. Foi o companheiro do Che em sua história vioagem pela América Latina. Foi interpretado por Rodrigo de La Serna no filme que Walter Salles tirou dos 'Diários de Motocicleta' do futuro guerrilheiro, quando ele, em contato com a miséria e a opressão na América Latina, forjou sua consciência política. O filme do Walter é tão bonito! Baseia-se não só nos 'Diários' do Che, mas também nos relatos de Granado, que veio ao Brasil para o lançamento. Em vez dele, me lembrei agora de Tilda Swinton, que integrava o júri de Cannes, quando o filme integrou a competição. O júri era presidido por Quentin Tarantino e o vencedor da Palma foi 'Fahrenheit 11 de Setembro',. de Michael Moore, com o qual Moore - e Tarantino também - tentavam interferir no processo eleitoral que colocou George W. Bush pela segunda verz no poder, na Casa Branca. Na coletiva do júri, Tarantino e seus comandados tentaram nos convencer que Moore ganhara por ser o melhor (no c..., papagaio). Nem fomos nós, os brasileiros. Um jornalista estrangeiro perguntou por que o júri ignorara 'Diários de Motocicleta'. Tilda Swinton pegou a palavra e respondeu que ninguém apostara no filme. 'Não quisemos', ou 'achamos que não merecia', foi algo mais ou menos assim, curto e grosso. Sempre penso que pode ter sido até por isso - também - que ela, presidente do júri em Berlim, premiou a Claudia Llosa, com 'La Teta Asustada', que tem méritos, mas não era o melhor daquela competição (nem a pau). Enfim, viajei bastante. Lá vou eu, pois a festa continua.

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