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Música clássica... E um pouco de tudo

Opinião|Um dia

O dia, em Campos do Jordão, começou na noite anterior. Maria João Pires, de novo, com a Osesp. Agora, Beethoven. É estranho precisar de Beethoven? Ele aspira o eterno mas fala do que é presente. Mundano. Sorri com a dor, luta contra a resignação. Clama, briga - reivindica, pois se assume humano. Concerto para Piano nº 4. Sem magia. O piano cantou, a orquestra gritou. Na mistura de vozes, a mensagem se perdeu. Virou promessa, possibilidade. De um encontro que não aconteceu. No fim da manhã de hoje, voltaram ao palco. Olhares. Tudo pareceu mais sutil. Mas o diálogo parecia já ser uma possibilidade do passado.

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Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

No caminho de volta, Maria, Tony. Uma trompa, Brahms, concerto para piano, nº 2. Um tema, uma sinfonia, um movimento - quarto, Sinfonia nº 2, Brahms, de novo. À noite, Mahler, a despedida do mundo. Eternamente. E Strauss. Cores, inflexões, palavras. Quatro Últimas Canções. "E o espírito liberto, deseja vagar para o alto, em um voo livre, em direção à esfera mágica da noite." Lucia Popp, Solti, Chicago. No que há de mais complexo, tudo soa natural, espontânea. A soprano é instrumento. Mas também é a música. Morte, exaltação da vida. Fim, é certo, mas com a crença em um recomeço que sonha com novas possibilidades.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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