Em nossa arrogância, tendemos a deixar em segundo plano o que está fora do eixo Rio-São Paulo, ainda que, tanto na ópera como na música de concerto, a descentralização tenha sido a tônica dos últimos anos na vida musical brasileira. Por isso, é preciso falar da temporada 2012 da Filarmônica de Minas Gerais, que termina este ano com saldo artístico positivo e os planos de construção de uma nova sede (leia aqui a matéria da revista Concerto sobre a sala). Ao longo do ano, a filarmônica será comandada por seu titular,Fabio Mechetti, e por uma lista de regentes convidados que inclui Carl St. Clair, Carlos Miguel Prieto, Krzysztof Penderecki e Marcelo Lehninger. Nelson Freire fará o concerto n. 20 de Mozart, Sergio Tiempo, o n. 3 de Rachmaninoff, Eduardo Monteiro, o n.1 de Prokofiev, Leon Fleisher, o concerto para mão esquerda de Ravel. Antonio Meneses toca o concerto de Dvorak, Johannes Moser, o de Hindemith. Augustin Hadelich sola o concerto para violino de Dvorák e Rachel Barton Pine, o de Korngold. Aliás, no repertório de concertos, há uma seleção de obras brasileiras que merece celebração: Sonia Rubinsky toca a suíte para piano de Villa; Antonio Lauro del Claro, o concerto para violoncelo de Claudio Santoro; Luiz Filipe Coelho, o concerto n. 2 para violino de Guarnieri. E, para encerrar o ano, um concerto que terá como solista o barítono Paulo Szot, enfim de volta ao Brasil depois de anos de ausência - e de triunfos em terras estrangeiras. Ponto para Mechetti por tê-lo chamado para cantar os "Rückert Lieder" de Mahler. Quem conhece a obra e a voz de Szot imaginam há um bom tempo este casamento, que tem tudo para dar certo. Ele canta também a cena final da "Valquíria", de Wagner, que pede por voz mais grave e escura - mas há precedentes, uma grande linhagem de barítonos que executaram o trecho em concerto. Tem tudo para ser um final apoteótico para uma temporada estimulante.