No ano passado, foi lançado o edital para a seleção de produções que ocupariam o teatro em 2009. O resultado está no site do teatro: - The Turn of the Screw, de Benjamin Britten - Pagliacci, de Leoncavallo - Cavalleria Rusticana, de Mascagni - O Barbeiro de Sevilha, de Rossini (possível montagem juntamente com o Palácio das Artes de Belo Horizonte) Além disso, diz o comunicado, a Apaa poderia remontar Porgy and Bess, de Gershwin, e O Homem Que Confundiu sua Mulher com o Chapéu, de Nyman.
Pois bem, estamos em março e até agora nada de temporada para o São Pedro. Nos bastidores do mundo musical as informações são de que o governo não vai patrocinar nenhuma das montagens selecionadas no edital; sobram repercussões de comentários do início da gestão Serra, quando o secretário João Sayad questionou a decisão de seu antecessor, João Batista de Andrade, de fazer do São Pedro espaço dedicado exclusivamente à ópera. Talvez não por acaso, nos últimos dois anos as temporadas do teatro aconteceram aos trancos e barrancos, com títulos sendo anunciados e cancelados, falta de patrocínios.
O quadro vai mudar?
Em meio à bagunça, coloco algumas questões: - Houve investimento concreto na temporada do São Pedro? - Houve discussão real e pública sobre como o teatro poderia usar a ópera para encontrar seu espaço na vida cultural da cidade, de como a sua vocação poderia ser orientada nesse sentido? - Ópera não dá resultados, ouvimos. E que forma de arte dá quando não há investimento responsável? - Se a ópera vai deixar o São Pedro, quais as justificativas?
Mas, vamos deixar essas questões todas de lado por um instante, e nos focar na temporada 2009 e no futuro próximo. Há cerca de um mês, procurei a secretaria de Estado da Cultura por meio de sua assessoria de imprensa com algumas perguntas simples e objetivas.
- Quem será o responsável pelo São Pedro depois do falecimento de Vicente Amato Filho? - Quem está montando a temporada? - Os títulos selecionados no edital estão confirmados? - Quem vai pagar por eles, o Estado ou os produtores?
Até agora não recebi resposta oficial da secretaria. O motivo da demora? Segundo a assessoria, as informações ainda estão sendo reunidas.
Não se trata de defender a reserva de mercado para a ópera, nada impede que ela possa conviver harmoniosamente com outras manifestações artísticas. O que se pede é uma política cultural, de investimento e ocupação que dê sentido ao teatro e que o tire de uma vez por todas da ventania inconstante das vontades políticas. E isso só acontece com discussões concretas sobre o assunto.
O que, até agora, não houve.
O São Pedro continua a ser o palco do descaso.