Daqui a pouco vou à Sala São Paulo ver Nelson Freire como solista da Osesp no "Momoprecoce", de Villa-Lobos. Já escrevi isso quando a orquestra anunciou a temporada, no final do ano passado, mas repito - acho positivo que Marin Alsop, que rege os concertos desta semana, tenha de fato se dedicado a reger obras importantes da tradição musical brasileira e não apenas pequenas vinhetas e aberturas aqui e ali. Vamos ver como ela se sai. E, claro, ouvir Nelson. No começo do ano, ele comentou que quis mudar o foco de suas apresentações, deixar um pouco de lado os pilares do concerto romântico. Daí a interpretação do "Momoprecoce" (com o qual ele, aliás, participa da mini-turnê da Osesp em agosto), assim como as "Noites no Jardim de Espanha", de De Falla, que tocou no fim de semana com a Filarmônica de Minas Gerais. Nelson gravou em fevereiro um disco solo dedicado à música brasileira, que deve ser lançado ainda este ano. Estou curiosíssimo, em especial depois de ouvi-lo há duas semanas fazendo uma das leituras mais comoventes que já ouvi do "Prelúdio" das "Bachianas Brasileira nº 4", de Villa-Lobos, em São João del Rei. Tudo bem, era uma noite especial, concerto no mesmo palco em que ele se apresentara pela primeira vez, aos 5 anos, seis décadas atrás, com emoção carregada ao piano e na plateia - e talvez por isso a memória já esteja traindo a realidade. Mas, se for mesmo esse o caso, há algum problema? Enfim, Freire toca hoje, amanhã e sábado na Sala São Paulo e, domingo de manhã, repete o programa ao ar livre, na parte externa do Auditória Ibirapuera. E, nos dias 21 e 22, toca o "Concerto nº 20" de Mozart com a Orquestra de Bolsistas do Festival de Campos do Jordão, primeiro em Campos e, no dia seguinte, na Sala São Paulo. São seis vezes Nelson Freire. Nada mal, não?