O maestro brasileiro Celso Antunes, que até o final de 2016 ocupava o posto de Regente Associado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), teve sua participação como convidado em concertos com o grupo, prevista para este ano, cancelada. O maestro enviou hoje uma "Carta Aberta aos Músicos da Osesp" na qual afirma que "a razão apresentada parece ser falta de verbas".
No texto, Antunes diz que "acabo de saber por meio de minha agente que minha participação em meus próximos concertos com vocês em abril foi sumariamente cancelada pela Direção da casa". Em seguida, ele enumera o que chama de "dados importantes": "1) Estes concertos já estavam acertados - e garantidos (sic!) pela direção desde fevereiro de 2014; 2) Em junho do ano passado, ciente da gravíssima situação do Brasil no momento, eu já havia aceito uma redução da ordem de 25% em meu cachê; 3) De modo a poder colaborar ainda mais com a orquestra, aceitei todo o tipo de mudanças no repertório, de modo a chegar a uma proposta realizável em um panorama de crise.". O texto termina com um recado do maestro aos músicos: "Insisto em passar estas informações a vocês a fim de evitar qualquer impressão de que haja má vontade de minha parte: vocês, músicos da OSESP, têm e continuarão tendo uma imensa importância em minha vida musical. Apenas julgo importante que saibam: minha participação nestes concertos foi cancelada de forma arbitrária e contrariamente à minha vontade pessoal."
Em nota oficial, a Fundação Osesp atribuiu o cancelamento às "restrições orçamentárias atuais" e afirmou ainda que outro regente teve sua participação cancelada, o canadense Fabien Gabel. "O maestro Celso Antunes continua sendo um artista prestigiado e, como regente associado nos anos 2012 a 2016, estabeleceu uma relação muito profícua com a Orquestra. Contudo, a Fundação Osesp, como todas as instituições culturais do país, vem procurando fazer ajustes para se adaptar às restrições orçamentárias atuais. Esperamos poder reconvidá-lo nas futuras temporadas, mas, por ora, medidas pontuais se fazem necessárias." Segundo a nota, o orçamento para projetos artísticos em 2017 é 27% menor do que em 2016. Os concertos foram mantidos, mas sob o comando da regente assistente Valentina Pellegi.