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Opinião|O que acontece no Teatro Municipal?

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 Foto: Estadão

O Municipal de São Paulo abre na semana que vem sua temporada sem ter anunciado sua temporada. Parece estranho, mas é isso mesmo. "La Traviata", de Verdi, em montagem de Danielle Abbado com direção musical e regência de Abel Rocha, estreia no dia 22, quinta-feira. O número ampliado de récitas (11), reivindicação antiga do público, assim como a capacidade de atrair bons solistas, são sinais importantes e precisam ser ressaltados. Ainda assim, o silêncio oficial em torno da temporada já causa desconforto. A revista "Concerto", em sua edição de março, publicou uma lista de oito títulos. Há coisas interessantíssimas, como um "Macbeth" dirigido por Bob Wilson, um novo "Pelléas e Melisande", a continuação do "Anel" com "O Crepúsculo dos Deuses", um "Orfeu e Eurídice" com direção de Antônio Araújo e regência de Nicolau de Figueiredo ou "O Rouxinol", de Stravinski. A questão é: logo após divulgá-la, o teatro voltou atrás e não confirma a temporada. Sobre a "Traviata", ficamos sabendo apenas porque os ingressos foram colocados à venda há pouco mais de uma semana. Também na "Concerto", o maestro Abel Rocha fala de planos para 2013 e 2014, o que é bom, pois sugere a continuidade de trabalho de que o Municipal tanto precisa. Ainda assim, como falar dos próximos anos antes mesmo de se confirmar a temporada 2012? Até porque há um outro detalhe a ser levado em conta. O Municipal tem até maio para anunciar a escolha de um organização social que fará a sua gestão, uma vez que vence então o prazo para que o teatro se torne em uma fundação. Na temporada anunciada pela Concerto, não há, por conta disso, espetáculos previstos para maio, junho e julho, período em que a migração definitiva para a nova forma de gestão será realizada. É uma mudança que vai ditar os rumos dos Municipal para as próximas décadas, mas por enquanto sabe-se muito pouco sobre ela. Se a gente soma isso ao corte de R$ 6 milhões no orçamento para este ano e à demora no anúncio da temporada, a pergunta que me vem à cabeça é: o que está acontecendo no Municipal? Depois de três anos fechado, esperávamos respostas. No entanto, ao menos por enquanto, continuamos com as perguntas de sempre.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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